Iêmen: hospital de MSF é destruído por ataques aéreos

Instalação era a única em funcionamento na região de Haidan; ao menos 200 mil pessoas ficarão sem acesso a cuidados médicos vitais

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Ataques aéreos realizados no fim da noite passada (26/10) pela coalizão liderada pela Arábia Saudita no norte do Iêmen destruíram um hospital apoiado pela organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF).

O pequeno hospital, no distrito de Haidan, na província de Saada, foi atingido por vários ataques aéreos que tiveram início às 22h30 (horário local) de ontem. Funcionários do hospital e dois pacientes conseguiram escapar antes dos subsequentes ataques aéreos que ocorreram por mais de duas horas. Um profissional foi levemente ferido enquanto fugia. Com o hospital destruído, pelo menos 200 mil pessoas ficarão sem acesso a cuidados médicos vitais.

“Esse ataque é outro exemplo de um total desrespeito pelos civis no Iêmen, onde bombardeios tornaram-se uma rotina diária”, disse Hassan Boucenine, coordenador-geral de MSF no Iêmen.
O bombardeio de civis e hospitais é uma violação do Direito Internacional Humanitário e MSF exige que as forças de coalizão expliquem as circunstâncias do ataque em Haidan. As coordenadas geográficas do hospital eram regularmente compartilhadas com a coalizão liderada pela Arábia Saudita, e a cobertura da instalação podia ser claramente identificada pelo logo de MSF.

“Mesmo 12 horas após os ataques aéreos, eu podia ver a fumaça saindo da instalação”, disse Miriam Czech, coordenadora do projeto de MSF em Saada. “A ala de internação, o ambulatório, a maternidade, o laboratório e a sala de emergência estão todos destruídos. Este era o único hospital que ainda funcionava na região de Haidan”, contou.

MSF começou a apoiar o hospital em maio deste ano. Desde então, cerca de 3.400 pacientes foram tratados, com uma média de 200 feridos de guerra admitidos por mês na emergência.

“O Iêmen está em uma guerra total, na qual a população encurralada no lado errado do conflito é considerada um alvo legítimo”, disse Hassan Boucenine. “Mercados, escolas, estradas, pontes, caminhões transportando comida, acampamentos de pessoas deslocadas e estruturas de saúde têm sido bombardeados e destruídos. E as primeiras vítimas são os civis.”

A prioridade de MSF é restabelecer uma nova instalação de saúde o mais rápido possível, a fim de manter a oferta de cuidados médicos para a população de Haidan.

MSF é uma organização médico-humanitária internacional fundada em 1971. Hoje, MSF oferece serviços de saúde imparciais e gratuitos àqueles em necessidade em mais de 60 países em todo o mundo, incluindo o Iêmen. No Iêmen, MSF atua em oito províncias do país – Sanaa, Saada, Aden, Taiz, Amran, Al-Dhale, Ibb e Hajja. Desde o início da crise no Iêmen, em março de 2015, MSF tratou mais de 15.500 feridos de guerra e ainda oferece serviços de saúde não emergenciais.
 

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