Nigéria: “Nós fugimos para sobreviver”

Deslocados nigerianos relatam o desespero de viver sem alimentos, água e segurança no estado de Borno

Nigéria: “Nós fugimos para sobreviver”

Boulama Mala tem 60 anos. Atualmente, ele vive em um campo de deslocados internos em Beni Shiekh, a capital da área de governo local de Kaga, localizada no oeste do estado de Borno, na Nigéria. A maioria das pessoas que vive no acampamento fugiu da violência em vilarejos vizinhos e no restante do estado. Muitos já vivem em abrigos há quase três anos.

“Foi o Boko Haram que nos perseguiu em nosso vilarejo; é por isso que estamos aqui neste acampamento. Estamos aqui porque eles nos atacaram.” Boulama Mala era de um vilarejo localizado a cerca de 25 quilômetros ao sudeste de Maiduguri, capital do estado. “Eu moro com a minha esposa, meus filhos e meus netos. Somos 10 no total. Com o pouco que conseguimos vender, temos o que comer por um dia. Quando não vendemos nada, vamos dormir de estômago vazio. Na minha idade, é difícil alimentar 10 pessoas.”

 

“Foi o Boko Haram que nos aterrorizou; foram eles que nos trouxeram até aqui”, disse Ya Zara, de 40 anos, que vive no mesmo acampamento que Boulama, em Beni Shiekh. “Não temos mais nada agora, fugimos só para sobreviver. Estávamos tentando nos salvar, não levamos nada conosco. Nós plantamos para sobreviver, mas aqui os terrenos são muito pequenos. Não temos nada para beber nem comer, esse é o nosso problema hoje.”

 

Awa Mudu vive no campo de deslocados internos de Kokerita, em Yobe, estado localizado ao lado de Borno. “A única forma de sobreviver aqui é pegar madeira para cozinhar e vender. Sofremos muito com a falta de madeira, porque é muito difícil para mim e o meu marido recolhê-las, já que estamos velhos. Acabamos de voltar de uma floresta onde colhemos algumas folhas. Não é o suficiente para sobreviver, mas é tudo o que temos.”

 

“Fomos ameaçados por pessoas armadas enquanto procurávamos madeira. Estávamos com muito medo, e ainda estamos. Não temos comida e isso é um problema grave para as crianças. Em pouco tempo, nossos filhos vão morrer de fome. Estamos aqui há quase três anos. Nesse meio tempo, não recebemos nenhuma ajuda, sobretudo em relação à distribuição de alimentos. Tentamos fazer nossas próprias atividades para sobreviver.” Atualmente, Aissa vive no campo de deslocados internos de Beni Shiekh com seus cinco filhos.

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