Kelly Cavalete, enfermeira, conta sobre seu trabalho com HIV em Moçambique

Parte 2 – 12 de abril de 2011, Maputo, Moçambique

Minha missão dessa vez é coordenar o projeto integrado de HIV/Aids. O trabalho é uma parceria com o Ministério da Saúde de Moçambique. A equipe de Médicos Sem Fronteiras conta com 70 funcionários nacionais e sete expatriados que trabalham diretamente com o pessoal do sistema público de saúde. Nós apoiamos quatro centros de saúde e também um pequeno posto de saúde na capital Maputo. Esse apoio é totalmente direcionado aos cuidados de HIV/Aids.

Estima-se que mais de 1,5 milhão de pessoas estejam infectadas pelo HIV em Moçambique e quase 100 mil morram por ano de AIDS por falta de cuidados e acesso ao tratamento.

A cidade de Maputo é dividida em três grandes áreas de saúde e somente na área em que trabalho, vivem mais de 467 mil pessoas. A prevalência estimada de pessoas infectadas pelo HIV nesta área é de 23%. Essa porcentagem é muito alta. Acredita-se que cerca de 25% dos infectados necessitem de tratamento antirretroviral, no entanto, apenas um pouco mais da metade desses 25% tem acesso aos medicamentos e mesmo assim o acesso não é fácil.

O Ministério da Saúde é mantido com as doações do Fundo Global, ou seja, não tem muita estabilidade. Além disso, sofre com problemas de importação, entrega de relatórios, gerenciamento de compra e gerenciamento de estoque. Toda essa problemática leva a frequentes rupturas de estoque de farmácia, as quais MSF cobre regularmente. Ou seja, MSF mantém um estoque de medicamentos suficiente para tratar todos os pacientes dos centros de saúde durante três meses seguidos. Nesse meio tempo ou o estoque nacional é reposto ou, na pior das hipóteses, MSF faz uma nova compra internacional de emergência. Porém, comumente antes dos três meses as rupturas são sempre sanadas, mesmo ocorrendo rupturas quase que mensais de diversos medicamentos.

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