“Muito orgulho em fazer parte de MSF”

William Oguido em Metche, no Chade, onde trabalhou como gerente de farmácia de MSF. © Arquivo pessoal

O farmacêutico William Oguido conta como se sentiu ao trabalhar com MSF ajudando a fornecer cuidados de saúde para refugiados sudaneses no Chade

 

Em minha quinta experiência trabalhando em Médicos Sem Fronteiras (MSF), estive em Metche, no Chade, como gerente de farmácia. De março a junho de 2024, apoiei as atividades do projeto, que fornece cuidados de saúde no acampamento de refugiados na região.

Fiquei impressionado com a capacidade de MSF de construir um complexo hospitalar em uma região tão remota e desértica, para providenciar atendimento médico a uma população com cerca de 40 mil pessoas.

Lembro que ficava admirando a bandeira de MSF hasteada, dançando ao vento. Para mim, significava algo como uma mensagem da organização para as pessoas ali: “Ei! Não importa onde você esteja, também estou aqui e estou acenando para você, pronto para te receber.” Fazia com que eu sentisse muito orgulho em fazer parte de MSF.

Durante o período em que estive no projeto, também compartilhei bons momentos com os colegas de trabalho. A equipe contratada localmente construiu dois pequenos gols, e reservamos uma pequena área dentro do espaço de moradia da equipe de MSF para poder jogar futebol. Frequentemente o nosso “campo de futebol” tinha que se deslocar, porque uma nova tenda seria construída no local.

Nosso campo era totalmente irregular, com buracos e pequenos morros, mas foram momentos de pura alegria. Iniciávamos o jogo em torno das 17h, quando a temperatura já estava mais baixa (em torno de 38°C), e terminávamos ao pôr do sol, por não haver mais iluminação.

Os jogos eram acirrados! Havia muitos bons jogadores, e todos queriam ganhar, mas era tudo com muito “fair play”. Ao final, todos se cumprimentavam e ríamos bastante.

Manter esses momentos de descontração eram essenciais em meio ao trabalho no acampamento de Metche. As pessoas atendidas pelas equipes de MSF ali tiveram que deixar seus lares por conta da guerra no Sudão e buscam uma maneira de sobreviver em uma região com clima desértico, onde até mesmo a fauna e a flora estão quase ausentes.

Testemunhar as dificuldades enfrentadas por essas populações contribuiu para fortalecer ainda mais minha empatia com as comunidades impactadas e renovou minha motivação para continuar trabalhando em projetos humanitários.

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