Quantos membros da equipe de MSF foram infectados com o Ebola em campo, e por que eles foram infectados, dadas as precauções tomadas? Nesses projetos, assim como em muitos dos projetos de MSF, nossa equipe assume certo risco a fim de oferecer assistência médica às pessoas que mais necessitam. Este é o caso na África Ocidental, como é na Síria, na República Democrática do Congo ou no Afeganistão. Não há outro caminho, e nós podemos dizer que mais de 1 mil pessoas tratadas nos nossos programas sobreviveram ao Ebola na África Ocidental devido à disposição que nossos trabalhadores de campo têm de assumir esses riscos. No momento, há mais de 3.200 funcionários de MSF trabalhando com o Ebola na África Ocidental. O número total de pessoas que trabalharam em projetos de Ebola desde que a organização iniciou a resposta à epidemia em março passado é significativamente maior. Até o momento, 24 profissionais de MSF contraíram o Ebola e 13 morreram. Dez sobreviveram, e um deles, o nosso colega agora em Nova York, está em tratamento. Vinte e um dos 24 contaminados eram parte da equipe nacional, pessoas que vivem no país onde trabalham (profissionais nacionais compõem a grande maioria dos profissionais de MSF em todo o mundo). Três eram profissionais internacionais. Após cada caso, MSF conduz uma investigação para descobrir como a pessoa foi infectada (o mesmo acontece após os incidentes de segurança em outros projetos) e os protocolos são reforçadas para responder às vulnerabilidades identificadas. No caso dos profissionais nacionais da equipe, determinou-se que foram infectados pelo contato com pessoas com Ebola fora das instalações de MSF, em suas comunidades de origem. No caso dos profissionais internacionais que contraíram a doença, e foram posteriormente tratados na França e na Noruega, constatou-se que foram infectados devido a encontros casuais em uma área de triagem, onde os novos pacientes são examinados. MSF ainda está investigando como Dr. Spencer pode ter se infectado. Novas investigações estão sendo conduzidas e estamos constantemente revendo os protocolos, estruturas e funções em nossas instalações para torná-las tão seguras quanto podem ser para os profissionais e pacientes. Na medida em que nosso conhecimento sobre essa doença, e sobre esse surto em particular, evoluem, nossos protocolos são adaptados.
Que preparativos são realizados antes que os profissionais saiam para o campo? Em geral, MSF aceita apenas cerca de 20% das pessoas que se candidatam para trabalhar conosco. Para os programas de Ebola, o processo de seleção é ainda mais rigoroso. Nós enviamos apenas pessoas que tiveram experiência prévia com febres hemorrágicas virais e/ou emergências semelhantes. Uma vez que os candidatos são aprovados, eles devem passar por um treinamento abrangente desenvolvido para prepará-los para o trabalho rigoroso e exigente que vivenciarão sob condições difíceis.
Dado o que aconteceu, vocês estão revendo seus protocolos? Nossos protocolos foram desenvolvidos para minimizar o risco para os outros, no caso de um dos nossos profissionais humanitários regressos começarem a mostrar sinais de Ebola, seja em campo ou quando voltam para casa. MSF também está ciente da compreensível ansiedade em torno do Ebola nos EUA e em outros países e, portanto, está observando os passos que vão além dos protocolos cientificamente e clinicamente recomendados, já estabelecidos, a fim de amenizar a preocupação pública. Estamos em estreito contato com as agências federais de saúde, bem como órgãos estaduais e o executivo do estado, a fim de discutir os protocolos revisados dos profissionais humanitários regressos, no intuito encontrar um equilíbrio entre a necessidade de abordar as preocupações públicas e tratar adequadamente aqueles que já passaram semanas na África Ocidental tentando conter o surto em suas origens – que ainda é a forma mais amplamente reconhecida de preservar a saúde pública em todo o mundo – e tratar aqueles que desafortunadamente ainda estão sofrendo com a doença.
No caso do Dr. Craig Spencer, quando foram reportados os primeiros sintomas? Na manhã do dia 23 de outubro, quando ele começou a se sentir febril. Ele ligou para o escritório de MSF em Nova York e MSF ligou para as autoridades de saúde da cidade.
Qual era a sua temperatura quando relatou a febre? 100,3 F, equivalentes a 37,9 ºC, e não 103 F (cerca de 39,4 ºC), como foi relatado de forma equivocada inicialmente.
Quão contagioso ele estava quando se locomovia ao redor da cidade? Visto o momento de início dos sintomas, e o nível de sua febre logo que ele a relatou – depois da qual ele foi totalmente isolado em seu apartamento – haveria um risco extremamente baixo de contágio. Essa não é uma avaliação de MSF. Essa afirmação baseia-se em todo o conhecimento médico e científico disponível sobre Ebola e sobre como ele se espalha. Inúmeras autoridades de saúde pública e governamentais têm dito o mesmo e muito elogiaram o Dr. Spencer por ter relatado rapidamente o início de sua febre e por sua conduta assim que os sintomas apareceram.
Por que ele se deslocaria pela cidade durante o período de incubação, que é de 21 dias? Como todos os membros da equipe que voltaram, nosso colega foi totalmente informado e conscientizado sobre a natureza do vírus e quando ele é e não é transmissível. Ele sabia monitorar a si mesmo rigorosamente, o que ele fez, e informou imediatamente quando se sentiu febril. Antes disso, quando estava assintomático, ele representava uma ameaça insignificante para os outros, não muito diferente dos inúmeros profissionais médicos que tratam pacientes com doenças altamente infecciosas – algumas muito mais infecciosas do que o Ebola – em instalações médicas por toda Nova York e nos Estados Unidos.
Quando a enfermeira Kaci Hickox relatou seus sintomas? Ela não o fez, porque ela não apresentou e não apresenta quaisquer sintomas.