Onde MSF trabalha? Atualmente, MSF atua em cerca de 70 países. Esse número varia de acordo com a quantidade de projetos que são iniciados e encerrados a cada ano. Apesar de ser uma organização com foco em emergências, Médicos Sem Fronteiras atua também em emergências crônicas, como é o caso de países onde o sistema de saúde é praticamente inexistente ou inoperante, ou onde epidemias, como a de Aids, afetam um grande número de pessoas e o tratamento não é acessível. Em alguns desses países, a presença das equipes de MSF pode se estender por anos. Caso seja identificada a necessidade, diversos projetos com diferentes focos podem ser desenvolvidos em um mesmo país simultaneamente.
Quem são as pessoas que vocês atendem? Atendemos populações vítimas de conflitos armados, desnutrição, catástrofes naturais, epidemias e/ou falta de acesso a cuidados de saúde, sem discriminação de raça, credo, ideologia política, nacionalidade, gênero ou idade.
Quem financia as atividades? Médicos Sem Fronteiras é uma organização não governamental sem fins lucrativos, financiada quase que exclusivamente por doações privadas (cerca de 90% do total de recursos) vindas de indivíduos de todo o mundo. Isso é fundamental para mantermos a independência e a neutralidade de nossa atuação. Só no Brasil, cerca de 360 mil pessoas colaboram com MSF. O balanço anual da organização está disponível em nosso site e pode ser acessado por qualquer interessado.
Como MSF surgiu? A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) foi criada em 1971 por um grupo de jovens médicos e jornalistas franceses. MSF surgiu com o objetivo de levar cuidados de saúde a pessoas afetadas por conflitos armados, epidemias, desastres naturais, desnutrição e exclusão do acesso à saúde de forma independente, neutra e imparcial. Também é missão da organização chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelas pessoas atendidas em seus projetos.
Perguntas e respostas sobre a resposta de MSF ao Ebola e protocolos para profissionais humanitários que retornam da África Ocidental As informações a seguir foram compiladas para responder questões sobre os protocolos e práticas de Médicos Sem Fronteiras (MSF) referentes aos projetos de Ebola da organização na África Ocidental, assim como aos profissionais que trabalham nesses projetos. Como observado anteriormente, MSF não vai comentar sobre o tratamento e a condição do Dr. Craig Spencer, nosso colega que teve o diagnóstico de Ebola confirmado em 23 de outubro de 2014, pois ele está agora sob os cuidados do Bellevue Hospital, em Nova York. No entanto, MSF reforça o compromisso de ser transparente sobre seu trabalho, sobre as precauções que tomamos nesses e em outros programas em todo o mundo, e as providências que a organização está tomando em resposta a esse incidente específico para tranquilizar um público compreensivelmente ansioso e garantir a maior segurança possível para os nossos profissionais e pacientes.
Quantos profissionais internacionais começaram a mostrar sintomas de Ebola depois que voltaram para casa? Dos mais de 700 profissionais internacionais que trabalharam em nossos projetos de Ebola, Dr. Spencer é o primeiro e, até agora, o único. No entanto, MSF esteve durante meses em contato com as autoridades municipais e estaduais em todo o país, bem como o governo federal e o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC na sigla em inglês), preparando-se de forma única para este tipo de contingência (assim como o CDC e outras agências de saúde estaduais e federais estiveram em contato com MSF para saber mais sobre os nossos protocolos de segurança e de tratamento, que usaram para adaptar os seus próprios após o diagnóstico da primeira paciente com Ebola nos EUA, em Dallas). Sabemos que é impossível eliminar completamente o risco de infecção, mas a preparação rigorosa pode reduzir amplamente qualquer risco para as comunidades as quais retornam os profissionais vindos do campo. Sabemos também que MSF, como uma organização que tratou mais de 9 milhões de pacientes em todo o mundo em cerca de 70 países em 2013, só pode continuar a fazer esse trabalho se tomarmos todas as medidas possíveis para manter nossos profissionais de campo saudáveis antes, durante e depois de realizarem suas atividades.
Quantos membros da equipe de MSF foram infectados com o Ebola em campo, e por que eles foram infectados, dadas as precauções tomadas? Nesses projetos, assim como em muitos dos projetos de MSF, nossa equipe assume certo risco a fim de oferecer assistência médica às pessoas que mais necessitam. Este é o caso na África Ocidental, como é na Síria, na República Democrática do Congo ou no Afeganistão. Não há outro caminho, e nós podemos dizer que mais de 1 mil pessoas tratadas nos nossos programas sobreviveram ao Ebola na África Ocidental devido à disposição que nossos trabalhadores de campo têm de assumir esses riscos. No momento, há mais de 3.200 funcionários de MSF trabalhando com o Ebola na África Ocidental. O número total de pessoas que trabalharam em projetos de Ebola desde que a organização iniciou a resposta à epidemia em março passado é significativamente maior. Até o momento, 24 profissionais de MSF contraíram o Ebola e 13 morreram. Dez sobreviveram, e um deles, o nosso colega agora em Nova York, está em tratamento. Vinte e um dos 24 contaminados eram parte da equipe nacional, pessoas que vivem no país onde trabalham (profissionais nacionais compõem a grande maioria dos profissionais de MSF em todo o mundo). Três eram profissionais internacionais. Após cada caso, MSF conduz uma investigação para descobrir como a pessoa foi infectada (o mesmo acontece após os incidentes de segurança em outros projetos) e os protocolos são reforçadas para responder às vulnerabilidades identificadas. No caso dos profissionais nacionais da equipe, determinou-se que foram infectados pelo contato com pessoas com Ebola fora das instalações de MSF, em suas comunidades de origem. No caso dos profissionais internacionais que contraíram a doença, e foram posteriormente tratados na França e na Noruega, constatou-se que foram infectados devido a encontros casuais em uma área de triagem, onde os novos pacientes são examinados. MSF ainda está investigando como Dr. Spencer pode ter se infectado. Novas investigações estão sendo conduzidas e estamos constantemente revendo os protocolos, estruturas e funções em nossas instalações para torná-las tão seguras quanto podem ser para os profissionais e pacientes. Na medida em que nosso conhecimento sobre essa doença, e sobre esse surto em particular, evoluem, nossos protocolos são adaptados.
Que preparativos são realizados antes que os profissionais saiam para o campo? Em geral, MSF aceita apenas cerca de 20% das pessoas que se candidatam para trabalhar conosco. Para os programas de Ebola, o processo de seleção é ainda mais rigoroso. Nós enviamos apenas pessoas que tiveram experiência prévia com febres hemorrágicas virais e/ou emergências semelhantes. Uma vez que os candidatos são aprovados, eles devem passar por um treinamento abrangente desenvolvido para prepará-los para o trabalho rigoroso e exigente que vivenciarão sob condições difíceis.