5 contextos de refúgio em zonas de conflitos

Mais de 84 milhões de pessoas foram forçadas a se deslocar ao redor do mundo; mais de 26 milhões são refugiados, segundos dados da ONU.

Foto: Maxime Fossat

Cerca de 84 milhões de pessoas estão fugindo de guerras, conflitos, crises econômicas, perseguições e outras circunstâncias ameaçadoras pelo mundo; mais de 26 milhões são refugiados, segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR)*. Este é o maior número já registrado na história.

Em zonas de guerra, o acesso às necessidades básicas, como alimentação e assistência médica, é frequentemente interrompido. O apoio médico e humanitário integral é vital, mas os serviços de saúde são muitas vezes escassos. Médicos Sem Fronteiras (MSF) trabalha pelo mundo para oferecer aos refugiados e às pessoas que se deslocam internamente por seus países os serviços e a assistência que mais precisam, de apoio psicológico a tratamento nutricional vital. Conheça alguns desses contextos:

1 – Ucrânia

Mais de 3 milhões de refugiados ucranianos cruzaram para países vizinhos desde que a guerra começou em 24 de fevereiro, segundo o ACNUR, com o número aumentando diariamente. Bombardeios aéreos, cidades cercadas, destruição e grave escassez de alimentos, água e eletricidade têm afetado fortemente a população.
Desde o início da guerra, nossas equipes têm trabalhado dia e noite para mudar de um projeto regular na Ucrânia para uma resposta médico-humanitária de emergência. Estamos atuando também nos países vizinhos Polônia, Hungria, Moldávia, Eslováquia, Rússia e Belarus, para avaliar as necessidades das pessoas que atravessam as fronteiras com esses países, à medida que centenas de milhares de pessoas são forçadas a fugir da Ucrânia.

2 – Síria

Onze anos após o início da guerra na Síria, esta ainda é a maior crise de refugiados do mundo. Mais de 13 milhões de sírios foram forçados a deixar suas casas em busca de proteção em países vizinhos, como o Líbano, a Turquia e a Jordânia; mais de 6 milhões de pessoas continuam deslocadas dentro do país.
Mais de uma década depois, a guerra na Síria ainda não acabou, e a população continua a sofrer um aumento das necessidades médico-humanitárias. Um recorde de 14,6 milhões de sírios está agora em situação de insegurança alimentar, de acordo com novos dados nacionais alarmantes do Programa Mundial de Alimentos (PMA). A crise econômica, a perda de empregos como resultado da COVID-19 e o aumento dos preços dos alimentos agravaram a situação; atualmente, 90% dos sírios vivem abaixo da linha de pobreza e mais de 80% estão em situação de insegurança alimentar.

3 – Iêmen

Os sete anos de guerra no Iêmen causaram o deslocamento de milhares de pessoas e comprometeram gravemente o acesso a cuidados de saúde essenciais da população. Nos três últimos meses de 2021, as equipes de MSF tiveram um aumento de 44% no número de pacientes em relação aos três meses anteriores. Desse total, 66% dos pacientes eram crianças.
Os conflitos continuam a ter um impacto devastador no bem-estar das pessoas e, em particular, na sua saúde mental. A guerra e a falta de serviços de saúde mental em Hajjah, por exemplo, aumentaram a prevalência desses tipos de condições. Em março, junho e julho de 2021, mais da metade dos novos pacientes que procuraram ajuda na clínica de MSF apresentaram transtornos mentais graves.

4 – Afeganistão

A crise humanitária no Afeganistão é marcada por décadas de conflito, desastres naturais recorrentes, deslocamento interno generalizado, pobreza extrema e um sistema de saúde frágil. Os conflitos armados têm ceifado milhares de vidas civis todos os anos, enquanto prejudicam a infraestrutura pública.

Apesar de décadas de ajuda e investimento internacional, os afegãos ainda lutam para ter acesso a cuidados médicos básicos e de emergência devido à insegurança, altos custos, falta de opções de transportes e ao fato de que muitas unidades de saúde não têm a equipe e os equipamentos de que precisam. Mais de 2,6 milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas apenas em 2021, segundo o ACNUR.

5 – Moçambique

Ao norte de Moçambique, na província de Cabo Delgado, um conflito pouco conhecido, mas não menos mortífero, está em curso, resultando em abuso e sofrimento. Desde 2017, o país enfrenta um grave conflito entre o exército e grupos armados não estatais. Agências da ONU estimam que mais de 740 mil** pessoas foram deslocadas de seus lares devido à violência.

Atualmente, embora a violência tenha diminuído, ainda há episódios recorrentes de violência que continuam a fazer as pessoas fugirem. Longe do fim, a crise humanitária deixou centenas de milhares de pessoas em condições extremamente vulneráveis devido ao deslocamento e à falta de acesso a cuidados médicos.

*Dados atualizados em novembro de 2021.
**Dados de dezembro de 2021

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