5 lições aprendidas depois de um ano de pandemia de COVID-19

Depois de um ano na linha de frente de resposta à pandemia, aprendemos muito. Hoje queremos compartilhar algumas dessas lições com você

5 lições aprendidas depois de um ano de pandemia de COVID-19

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia de COVID-19 no dia 11 de março. Como uma organização médico-humanitária de emergência, Médicos Sem Fronteiras (MSF) tem experiência no tratamento de doenças endêmicas e epidêmicas, principalmente com populações que têm um sistema de saúde muito precário, baixa cobertura vacinal ou que passam por um conflito armado ou desastre natural.

Um ano depois de estar na linha de frente de resposta à COVID-19, queremos compartilhar diversos aprendizados:

1- Devemos garantir que as ferramentas médicas sejam acessíveis e estejam disponíveis para todos

A pandemia não terá um fim até que todas as pessoas do mundo possam ter acesso às ferramentas médicas necessárias para combater a COVID-19. Uma opção para fazer isso acontecer é que governos exijam isenção de patentes durante a pandemia e até que a imunidade de rebanho seja alcançada. A suspensão temporária da propriedade intelectual permitiria que mais fabricantes entrassem no mercado e aumentassem a produção de diagnósticos, tratamentos e vacinas. MSF está promovendo uma campanha de assinaturas para pedir que os governos não impeçam a supressão de patentes enquanto durar a pandemia.

Infelizmente, ainda estamos longe de alcançar uma distribuição equitativa de ferramentas médicas. Em fevereiro de 2021, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, descreveu a distribuição de vacinas contra a COVID-19 como “tremendamente desigual e injusta”. Apenas 10 países de alta renda administraram 75% de todas as vacinas, enquanto mais de 130 países não receberam uma única dose. Seguindo essa tendência inaceitável, 1.439 bilhões de doses da vacina da Johnson & Johnson já estão comprometidas em acordos de compra antecipada, a maioria dos quais (56%, 801 milhões) para países de alta renda.

2 – A pandemia tem impacto em outras campanhas de vacinação

A escala maciça das campanhas de vacinação contra a COVID-19 envolve outro risco: a escassez de suprimentos como frascos, seringas, agulhas, equipamentos de proteção individual, redes de refrigeração e outros itens. Se todos esses materiais e recursos humanos forem usados para vacinação contra o novo coronavírus,  os programas de imunização contra outras doenças podem ser comprometidas. Isso deve ser evitado.

Também estamos preocupados com os atuais bloqueios e restrições em vários países e com o fato de que a concentração de todos os esforços para combater a COVID-19 e a realocação de recursos tenham um efeito negativo sobre outras vacinações. A descontinuação das campanhas de vacinação de rotina e vigilância de doenças evitáveis por vacinas, bem como a suspensão das atividades de imunização suplementar planejadas podem levar a uma crescente lacuna de imunização em muitos países. Isso poderia levar ao ressurgimento de outras doenças e aumentar o risco de surtos de doenças como sarampo ou meningite, entre outras.

3 – A importância de cuidar da saúde mental

A COVID-19 causou um grande impacto na vida de milhões de pessoas em todo o mundo. Desde o início da pandemia, todos enfrentaram uma dor inesperada e perderam algo: da “normalidade”, assistindo ao mundo mudar repentinamente de um dia para o outro, até os casos mais trágicos, como a morte de entes queridos. Os sentimentos causados pelo sofrimento relacionado à pandemia estão entre nossas preocupações, mas também os desafios apresentados pelo isolamento. Trabalhamos diariamente para encontrar e oferecer novas formas de tratamento.

4 – Os perigos da COVID-19 na saúde da mulher e a importância do autocuidado

A pandemia de COVID-19 teve impactos secundários potencialmente catastróficos na saúde de mulheres e meninas em todo o mundo, agravando sua exclusão dos serviços de saúde sexual e reprodutiva, que pode provocar um forte aumento na mortalidade materna e neonatal. Em vários países onde MSF atua, foi possível observar que a saúde das mulheres foi afetada durante a pandemia por fechamentos e cortes nos serviços de saúde sexual e reprodutiva, restrições de movimento, incluindo proibições de viagens, bloqueios e toques de recolher; interrupções da cadeia de abastecimento global e falta de informação e orientação clara sobre saúde pública.

5 – Medidas de proteção e prevenção, como o uso de máscaras e distanciamento social, continuam sendo essenciais

É muito importante seguir as recomendações e os protocolos das autoridades de saúde para impedir infecções e proteger o pessoal de saúde. Além disso:

    •    A higiene das mãos é fundamental, por isso, é recomendado que você lave as mãos com água e sabão frequentemente. Use bastante sabão e certifique-se de lavar todas as partes das duas mãos. Se não houver água e sabão disponíveis, o álcool em gel também é uma boa opção.

    •    Medidas de higiene respiratória: se você tossir ou espirrar, cubra a boca e o nariz com um lenço de papel ou com a parte interna do cotovelo.

    •    Recomenda-se um distanciamento social entre 1 e 2 metros. Manter a distância dos outros pode prevenir infecções. Devem ser evitadas reuniões de pessoas.

    •    Não compartilhe itens pessoais (copos, pratos ou talheres) e ventile os cômodos.

    •    Em todos os casos, é necessário obter informações corretas de fontes confiáveis e oficiais, porque as informações falsas que circulam não ajudam no controle da epidemia.

 

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