Apoiando a vacinação da COVID-19 para pessoas com comorbidades na África do Sul

Programa de apoio à vacinação foi recomendado ao Departamento Nacional de Saúde.

Foto: MSF

Um programa de apoio à vacinação desenvolvido por Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Khayelitsha, na África do Sul, em parceria com o Departamento de Saúde do Cabo Ocidental mostrou que é possível alcançar indivíduos com comorbidades que aumentam o risco de doença grave e morte por COVID-19.

A maioria das instalações na África do Sul não oferece apoio de vacinação direcionado para pessoas de alto risco, embora esses indivíduos visitem regularmente as instalações de saúde. A abordagem bem-sucedida e econômica de MSF resultou em mais 2.238 pessoas com comorbidades sendo vacinadas em um período de seis semanas, entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022. Consequentemente, MSF está recomendando esse modelo ao Departamento Nacional de Saúde.

Dados do Departamento de Saúde do Cabo Ocidental durante a primeira onda de COVID-19 mostraram como certas comorbidades estão associadas à morte por COVID-19, incluindo diabetes, hipertensão, HIV e tuberculose. Na quarta onda, queríamos alcançar aqueles com comorbidades que ainda não haviam recebido vacinas”, diz o Dr. Colin Pfaff, coordenador-médico de MSF em Khayelitsha.

 

Sistema de abordagem única facilitou a vacinação

Três clínicas de Khayelitsha tinham locais de vacinação nas instalações, mas elas eram utilizadas principalmente por pacientes que não realizavam agendamentos. A maioria dos pacientes que procuravam por atendimento clínico relutou em receber uma vacina no mesmo dia, pois achava que já havia esperado muito tempo, então MSF enviou 15 promotores de saúde para falar com pacientes que estavam esperando na fila para receber serviços clínicos. Se esses pacientes estivessem dispostos a receber uma vacina, eles eram registrados no Sistema Eletrônico de Dados de Vacinação (o portal de registro do programa de vacinação da COVID-19 do governo) enquanto aguardavam na fila pelos serviços clínicos. Terminada a consulta de rotina, os pacientes eram acompanhados pelo promotor de saúde até o local da vacinação.

Foto: MSF/ 2022

“Um sistema de abordagem única tem sido a aspiração para pessoas que vivem com HIV e, portanto, adicionar a vacinação da COVID-19 aos serviços que poderiam ser recebidos no mesmo dia fazia todo o sentido em termos de abordagem contínua”, disse Pfaff.

Não me diga que as pessoas na África do Sul não querem a vacina, nós a queremos, mas em nossas comunidades, obtê-la é um desafio extra quando a vida já é difícil. Eu concordei em tomar a vacina no Local C [Clínica Nolungile] porque era simples, eu estava na clínica de qualquer maneira”, diz Ntombekhaya Tsholoba, moradora de Khayelitsha.

 

Apoio à vacinação ocorre desde julho de 2021

Paralelamente, MSF leva a vacinação à comunidade de Khayelitsha desde julho de 2021, incluindo o desenvolvimento e a administração de clínicas de vacinação em parceria com o Departamento de Saúde da Cidade do Cabo.

“A vacinação nas instalações começou em maio de 2021, mas descobrimos que muitas pessoas não vinham a esses locais devido ao custo do transporte, horários restritivos de funcionamento das clínicas e falta de dados móveis para registro on-line para a vacinação”, diz Mpumi Zokufa, que coordena as atividades de promoção de saúde de MSF na região.

“Começamos a visitar áreas específicas e com a ajuda de membros do fórum de saúde comunitária, que são conhecidos e influentes, fizemos a promoção da saúde e cadastramos aqueles que estavam dispostos a se vacinar no Sistema Eletrônico de Dados de Vacinação”, conta Zokufa.

Quando um grande número de pessoas é registrado em um local específico, MSF chama a equipe de vacinação da Cidade do Cabo para vacinar a população em clínicas móveis. Como resultado dessa parceria, o número de pessoas registradas e vacinadas em Khayelitsha aumentou em 18.600 pessoas.

Foto: MSF/ 2022

Campanha de conscientização nas ruas incentivou a comunidade

Quando MSF descobriu que a adesão à vacinação era baixa entre jovens e homens, a equipe de promoção da saúde decidiu usar murais nas paredes da comunidade como forma de aumentar a conscientização sobre a vacina da COVID-19.

“Houve investimento em campanhas digitais sobre a COVID-19, mas a promoção da saúde baseada na comunidade e nas ruas estava em grande parte ausente, e sabíamos que precisávamos resolver essa lacuna”, diz Zokufa.

MSF convidou três artistas de Khayelitsha para desenvolver projetos pró-vacinação relevantes e pintá-los em paredes comunitárias em áreas de alto tráfego. A vacinação foi, então, oferecida em cada local em dias selecionados.
Noeleen Ndamane, artista de Khayelitsha, acredita que os murais fizeram a diferença: “Causamos um burburinho nas ruas. As pessoas paravam e faziam perguntas. Alguns dias tínhamos DJs tocando ao nosso lado e grandes multidões dançando, olhando nosso trabalho e indo direto para a clínica se vacinar”, diz ela.

Foto: MSF

 

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