Ataque no Leste do Chade faz com que deslocados internos fujam novamente

MSF está preocupado com o que acontecerá aos cinco mil chadianos e 37 integrantes da equipe que estão desaparecidos na região

A cidade de Koloye, localizada no leste do Chade, na fronteira com o Sudão, foi atacada no dia 15 de novembro, saqueada e esvaziada de habitantes, segundo informou a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras /Médecins Sans Frontières (MSF). Os cinco mil chadianos deslocados que viviam em Koloye deixaram a área e agora estão desaparecidos. MSF também não tem notícia do paradeiro de 37 integrantes de sua equipe que trabalhavam na cidade. Esse problema ocorre em um momento que a violência contra populações, já existente há semanas, cresce ainda mais na região.

Uma equipe de MSF foi para Koloye na manhã de quarta-feira passada, dia 16, e encontrou apenas duas pessoas que tinham voltado ao local para pegar alguns objetos. Eles contaram que os agressores os ameaçaram e ordenaram que eles não voltassem mais, forçando as pessoas a se deslocar novamente.

"A região em volta de Koloye está completamente deserta", contou Filipe Ribeiro, chefe de missão de MSF. "Os vilarejos localizados a 20 ou 30 quilômetros de Koloye foram parcialmente incendiados e abandonados. Dez quilômetros antes de Koloye, há sinais visíveis de que pessoas se confrontaram. Não sobrou nada, exceto sapatos e objetos abandonados na beira da estrada. Em Koloye, as casas na entrada da vila foram incendiadas. A clínica de MSF foi saqueada e nós descobrimos curativos cheios de sangue, um sinal claro de que pessoas ficaram feridas no confronto. A farmácia foi destruída. As tendas e tanques de água desapareceram ou foram destruídas. Os suprimentos de medicamentos acabaram".

MSF não tem notícias da população deslocada ou dos membro chadianos de sua equipe que estavam no comando do programa para distribuir água potável na área. MSF está particularmente preocupada devido ao alto nível de insegurança, uma vez que o número de ataques e saques está crescendo. Em abril de 2006, a população deslocada que vivia em Koloye chegou ao local expulsos pelas incursões feitas por homens armados em suas cidades, localizadas ao longo da fronteira com o Sudão. MSF ofereceu assistência médica, água potável e suprimentos de sobrevivência.

Em um contexto de crescente violência, é crucial que organizações humanitárias como MSF consigam chegar às populações necessitadas rapidamente.

No leste do Chade, MSF tem fornecido material médico e humanitário para chadianos deslocados desde dezembro de 2005 e para deslocados da região de Darfur, no Sudão, desde 2003. Além das cinco mil pessoas que estavam em Koloye, cerca de 25 mil deslocados chadianos ainda estão em Dogdoré, onde MSF continua a oferecer atendimento médico, água potável e suprimentos de sobrevivência. Clínicas móveis também foram enviadas para atender os deslocados de Borota. Equipes de MSF também assistem pessoas em Adré, nos campos de refugiados de Farchana e Breidjing, e mais ao norte em Iriba, Iridimi,e Touloum. MSF também está trabalhando em Gore, no sul do Chade, levando ajuda às pessoas que fugiram dos confrontos da República da África Central.

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