Burundi: mulheres ainda sofrem com a fístula obstétrica

MSF realiza a milésima cirurgia de reparo da condição, mas teme pelo futuro do programa no país

A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) realizou sua milésima operação de reparo da fístula obstétrica em Gitega, no Burundi, mas está preocupada com o futuro do projeto.

Iniciado em julho de 2010, o Centro Urumuri é fruto de um esforço conjunto do Ministério da Saúde e de MSF. Mil operações já foram realizadas ali, permitindo a mulheres retomarem suas vidas normais e deixar a exclusão para trás. A fístula obstétrica causa, frequentemente, incontinência urinária e/ou fecal, o que resulta em isolamento social.

Embora aproximadamente 1.200 mulheres desenvolvam fistula obstétrica no Burundi todo ano, o Centro Urumuri de MSF ainda é a única instalação no país que oferece tratamento gratuito e integral a mulheres com fístulas simples ou complexas.

“Mesmo que estejamos contentes por termos conseguido tratar tantas mulheres proporcionando a elas a possibilidade de se recuperarem com dignidade, também estamos preocupados com o futuro”, afirma Bavo Christiaens, coordenador geral de MSF no Burundi. “Apesar das repetidas solicitações às autoridades de saúde, nós não fomos autorizados a treinar um médico sequer para operar fístulas. Portanto, estamos lançando um novo apelo a nossos parceiros a fim de que aproveitem a oportunidade única que o Centro Urumuri oferece para o treinamento de médicos do Burundi nesse procedimento”.

MSF teme que o Centro Urumuri vá fechar quando o programa for repassado às autoridades nacionais. “MSF oferece apoio temporário e nosso objetivo é repassar nossas atividades às autoridades de saúde locais. Compartilhar nossos conhecimentos e oferecer treinamento é parte integral de nosso compromisso aqui no Burundi”, observa Christiaens.
 
MSF atua no Burundi desde 1993 e, atualmente, administra três projetos, dois dos quais são exclusivamente focados em saúde materna.

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