Ciclone no Malaui: MSF fornece apoio para restabelecer acesso a cuidados de saúde no país

Ciclone Freddy é um dos eventos mais mortais da história climática do Malaui.

Ciclone destruiu casas e estrada em Phalombe. Foto: Pascale Antonie/MSF

Uma semana após o ciclone Freddy atingir o sul do Malaui, entre 12 e 14 de março, alguns distritos e suas populações ainda se recuperam da destruição. Estradas, pontes e infraestruturas elétricas e sanitárias da região sofreram grandes danos. O ciclone Freddy é o mais intenso já registrado por estações meteorológicas e um dos eventos mais mortais da história climática do Malaui até hoje.

“Dezenas de milhares de pessoas em alguns dos distritos do sul do país estão agora sem acesso a instalações de saúde, que foram destruídas ou isoladas devido ao impacto do ciclone nas redes rodoviárias”

– Rasmane Kabore, coordenador de emergência de MSF.

“Vilarejos inteiros foram engolidos por deslizamentos de terra. Inundações repentinas causadas por chuvas torrenciais levaram casas, estradas e pontes”, completa Kabore.

Médicos Sem Fronteiras (MSF) vem respondendo às necessidades médicas e humanitárias na cidade de Blantyre e arredores, onde já atuamos desde de 2018 com triagem e tratamento para o câncer do colo do útero.

“As equipes de MSF apoiaram o Queen Elizabeth Central Hospital (QECH) de Blantyre por meio da doação de suprimentos médicos e da alocação de profissionais para tratar os feridos e realizar cirurgias ortopédicas”, explica Guilherme Botelho, coordenador do projeto de emergência de MSF no Malaui. “Depois de visitar alguns dos acampamentos no distrito de Blantyre, localizados principalmente em prédios municipais, como escolas, estamos fornecendo água limpa e cloro, reabilitando redes de água, esvaziando latrinas e distribuindo itens não alimentares, como cobertores, lenha e equipamentos de cozinha”, acrescenta.

Cerca de 50 acampamentos foram montados ao redor da cidade, e o número de pessoas deslocadas nessas estruturas varia de uma dúzia a mais de 2.500. Continuaremos a fornecer apoio e a avaliar as necessidades médicas e não médicas nos acampamentos mais populosos.

Populações sem acesso aos serviços de saúde

Depois de realizar uma série de avaliações, as equipes de MSF iniciaram a resposta em Phalombe, Mulanje, Chikwawa e Nsanje, alguns dos distritos mais atingidos. Os distritos de Phalombe e Mulanje, no sudeste, estão localizados atrás da montanha Mulanje, uma região que já havia passado por uma estação de chuvas intensas antes de ser atingida pelos temporais causados pelo ciclone Freddy, causando grandes deslizamentos de terra e quedas de rochas. Em Phalombe, nossas equipes visitaram três instalações de saúde, incluindo o centro de saúde pública de Nkhulambe, que agora está cheio de detritos, lama e rochas maciças, deixando cerca de 54.000 pessoas nas imediações com quase nenhum acesso a cuidados de saúde.

Centro médico em Phalombe está tomado por lama e detritos após o ciclone. Foto: Pascale Antonie/MSF

 

“Essa área está completamente isolada da população em geral. Planejaremos os próximos passos para que possamos responder às necessidades da população e ajudá-los a recuperar o acesso a cuidados de saúde, como serviços ambulatoriais gerais e encaminhamento de emergências médicas ou cirúrgicas o mais rápido possível”, diz Robert Wellemu, coordenador médico de MSF no Malaui.

O Ministério da Saúde do Malaui, MSF e outros parceiros humanitários têm o objetivo de restaurar rapidamente o acesso a serviços essenciais de saúde em Nkhulambe, estabelecendo um posto de saúde avançado. Uma equipe de MSF já está a caminho com equipes médicas e de logística, além de suprimentos médicos.

Mais ao sul, em uma resposta coordenada pelo Ministério da Saúde, MSF e parceiros humanitários estão tentando alcançar as zonas prioritárias de Ngabu, no distrito de Chikwawa, entre Blantyre e Nsanje. Também tentamos acessar as cidades de Makhanga, Osiyana e Sankhulani, no distrito de Nsanje, que fazem fronteira com Moçambique. O acesso a essas regiões é extremamente difícil devido às redes rodoviárias danificadas ou inundadas. A situação deixa os centros de saúde mal abastecidos e as populações isoladas do acesso aos serviços médicos. O objetivo nessas áreas é realizar uma avaliação detalhada e responder às necessidades médicas imediatas. Estamos particularmente atentos a um possível aumento do número de pessoas afetadas pela cólera nessa região.

Algumas áreas foram inundadas em Phalombe. Foto: Pascale Antonie/MSF

 

Os distritos afetados pelo ciclone Freddy são Balaka, Blantyre City, Blantyre District, Chikwawa, Chiradzulu, Machinga, Mangochi, Mulanje, Neno, Nsanje, Phalombe, Thyolo, Zomba City e Zomba District.

Um relatório do Departamento de Assuntos de Gestão de Desastres do Malaui (DoDMA, na sigla em inglês) informou, em 21 de março, que o desastre causou 507 mortes, deixou 1.332 feridos e 537 desaparecidos. O relatório acrescentou que o número de pessoas deslocadas era de 553.614, com 543 acampamentos – a maioria deles organizados em escolas.

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