Cinco projetos de MSF para sobreviventes de violência sexual e baseada no gênero

A violência sexual é uma emergência médica, mas frequentemente há uma enorme falta de cuidados de saúde para os sobreviventes.

Foto: Adrienne Surprenant/Collectif Item

A violência sexual abala a vida de milhões de pessoas em todo o mundo. O atendimento aos sobreviventes é uma parte crescente da ação médico-humanitária de Médicos Sem Fronteiras (MSF). A violência pode ocorrer em qualquer lugar, mas frequentemente está mais presente em situações instáveis, como em conflitos e deslocamentos de populações em massa. Os danos costumam ser agravados por uma extrema falta de serviços de saúde para os sobreviventes, que precisam de acesso rápido aos cuidados de emergência. MSF se empenha para disponibilizar cuidados de saúde abrangentes para os sobreviventes – sejam mulheres, crianças ou homens – em todos os nossos projetos. Em 2021, cerca de 34.800 sobreviventes de violência sexual foram atendidos por MSF.
Confira alguns de nossos projetos:

1 – Índia

Foto: Showkat Nanda/MSF

A clínica para sobreviventes de violência sexual e baseada em gênero Umeed Ki Kiran (UKK) de MSF fica em uma estrada principal altamente movimentada no bairro de Jahangirpuri, em Déli, uma área densamente povoada e de baixa renda. Nessa região, a violência praticada pelo parceiro íntimo (VPI) – dano físico, sexual ou psicológico infligido por um cônjuge ou outro parceiro íntimo – é o tipo mais comum de abuso que a equipe clínica encontra. Quando as medidas de distanciamento social impostas pela pandemia da COVID-19 foram flexibilizadas, o número de pacientes recebidas pelas nossas equipes triplicou. De acordo os profissionais de MSF, o maior obstáculo para conectar as pessoas aos serviços foi a interrupção na comunicação com a comunidade.

2 – República Democrática do Congo (RDC)

Foto: Carl Theunis/MSF

Ano após ano, as equipes de MSF são testemunhas da escala e do impacto da violência sexual na RDC. Esta é uma emergência de saúde que requer cuidados médicos e psicológicos imediatos para buscar limitar as consequências para os sobreviventes. Infelizmente, os cuidados de emergência e a longo prazo para sobreviventes de violência sexual continuam amplamente indisponíveis no país. Em 2020, cerca de 11 mil pacientes foram tratados pelas equipes de MSF e pelo Ministério da Saúde congolês em seis províncias. Este número alarmante, que representa cerca de 30 pessoas atendidas por dia, é apenas a ponta do iceberg. Por trás dos números, os traumas marcam a vida dessas sobreviventes para sempre.

3 – República Centro-Africana (RCA)

Em Bangui, capital da República Centro-Africana, a violência sexual é uma crise de saúde pública. Com um longo histórico de conflitos na região, as tensões permanecem altas, e a maioria dos casos de violência sexual que MSF observa acontece na comunidade e dentro dos lares das vítimas. MSF abriu o centro de apoio de Tongolo, em 2017, que oferece atendimento gratuito e de alta qualidade às sobreviventes, inclusive para homens, crianças e adolescentes.

4 – Haiti

Foto: Valerie Baeriswyl/MSF

O número de pessoas no Haiti, especificamente meninas e mulheres, que relatam experiências de violência sexual e baseada no gênero (VSBG) continua a ser assustadoramente alto, especialmente em Porto Príncipe. Uma em cada oito mulheres no país com idades entre 15 e 49 anos enfrentou violência sexual e baseada no gênero ao longo da vida. MSF mantém um serviço de chamadas de emergência gratuito 24 horas por dia, sete dias por semana. As equipes também administram duas instalações de atenção a pacientes que sofreram VSBG: a clínica Pran Men’m (crioulo haitiano para “pegue minha mão”), em Porto Príncipe, e um projeto de saúde sexual para adolescentes em Gonaïves. Desde 2015, MSF tratou mais de sete mil sobreviventes de VSBG no Haiti, dos quais mais da metade era menor de 18 anos.

5 – Quênia

Foto: Jean-Christophe Nougaret/MSF

Estima-se que quase metade das mulheres quenianas com idades entre os 15 e 49 anos tenham sofrido violência física ou sexual. A clínica Lavender House, no subúrbio de Mathare, em Nairobi, presta cuidados às sobreviventes de violência sexual 24 horas por dia. O projeto também oferece uma linha telefônica de ajuda e um serviço de ambulância para aumentar o acesso para aqueles que de outra forma teriam dificuldades em comparecer. A linha telefônica tem uma média de 600 a 700 chamadas por mês. A clínica teve um aumento de 150 pacientes, em 2011, para 3.750, em 2020. Cinquenta por cento das pessoas atendidas são menores de 18 anos, dentre as quais, metade tem idade inferior a 12 anos.

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