Cinco questões de saúde que afetam as mulheres em todo o mundo

No Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher, MSF relembra os desafios médicos e sociais para a dignidade e integridade dessa população.

Foto: Matias Delacroix

No Dia Internacional da Luta pela Saúde da Mulher, reforçamos o desafio que mulheres e meninas enfrentam no acesso a cuidados médicos essenciais. Em diversos contextos onde Médicos Sem Fronteiras (MSF) atua, testemunhamos as recorrentes violências sofridas por mulheres de diferentes países.

É preciso garantir saúde de qualidade, acesso à informação e ações efetivas para esse tipo de violação e demais questões de saúde que afetam a população feminina globalmente.

Conheça cinco questões de saúde que impactam as mulheres em todo o mundo:

1. Mortalidade materna

Foto: Oriane Zerah

A situação da mortalidade materna no Brasil é considerada crítica por especialistas. Até o início da pandemia, o país registrava 55 óbitos por 100 mil nascidos vivos*, conforme informações da Fiocruz. Mundialmente, mais de 800 mulheres morreram durante a gravidez ou no parto diariamente em 2017, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A maioria dessas mortes (94%) ocorreu em países de baixa e média e a maior parte poderia ter sido evitada com cuidados apropriados. MSF ressalta a importância de serviços obstétricos adequados e lembra que durante crises humanitárias as gestantes são ainda mais vulneráveis.

*dados Fiocruz, maio 2021

 

2. Falta de acesso à saúde sexual e reprodutiva

Foto: MSF

Desigualdades sociais e fatores socioculturais podem criar barreiras no acesso à saúde. A falta de recursos e informação para lidar com a higiene menstrual, por exemplo, faz com que muitas pessoas que menstruam convivam com infeções e dores. A higiene precária em ambientes com pouco acesso à água e ao saneamento, bem como o estigma, afetam a saúde, a frequência escolar e a vida profissional de mulheres.

No Zimbábue, educadoras de pares desempenham um papel importante na sensibilização para os cuidados de saúde sexual e reprodutiva, no aumento da aceitação de contraceptivos e na higiene menstrual nas comunidades. MSF treinou jovens para trabalhar com adolescentes e mulheres jovens para fornecer educação em saúde sexual e reprodutiva e facilitar o acesso aos serviços de saúde.

 

3. Doenças Crônicas

Foto: Alessandro Pavone

As doenças crônicas ainda representam um sério problema para milhões de mulheres no mundo. A falta de acesso aos cuidados necessários de saúde e à informação sobre tratamento e diagnóstico preventivo são barreiras que ainda precisam ser enfrentadas para diminuir o índice de mortalidade em decorrência das complicações de algumas dessas doenças, principalmente nos países de baixa renda.

No mundo, o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres. Em 2020, havia 2,3 milhões de mulheres diagnosticadas com câncer de mama e 685 mil mortes foram registradas globalmente, segundo a OMS. Em países de alta renda, 90% das mulheres sobrevivem cinco anos após o diagnóstico, em comparação a 66% na Índia e 40% na África do Sul. Já o câncer do colo do útero, apresentou uma estimativa de 604 mil novos casos e 342 mil mortes em 2020; cerca de 90% ocorreram em países de baixa e média renda, de acordo com a OMS.

 

4. Violência sexual e de gênero

Foto: Kate Geraghty

Os números de violência e assédios contra a população feminina são alarmantes. Globalmente, 1 em cada 3 mulheres sofre violência física e/ou sexual ao longo da vida, de acordo com a OMS. Em 2020, na República Democrática do Congo, MSF assistiu a cerca de 11 mil sobreviventes de violência sexual, aproximadamente 30 por dia.

O acesso à saúde deve ser garantido com dignidade e cuidados adequados integrais às sobreviventes de violência sexual e de gênero. Esse tipo de violação pode afetar gravemente a saúde física, mental, sexual e reprodutiva, expondo meninas e mulheres a sérios riscos, como o de contrair infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

 

5. Saúde mental e COVID-19

Foto: Alfredo Caliz/El País Semanal

Um relatório da ONU Mulheres reuniu informações sobre os efeitos da pandemia da COVID-19 na população feminina em 11 países da Ásia-Pacífico. O estudo apontou que cerca 66% das mulheres viram sua saúde mental sendo afetada, em comparação com 58% dos homens.

O relatório também demonstra claramente como a COVID-19 está desencadeando uma crise de saúde mental na região, uma vez que o impacto emocional da pandemia recai indevidamente sobre os ombros das mulheres na maioria dos países.

Além da falta de serviços, surgem tabus, estigmas e desconfianças em torno da saúde mental em muitas partes do mundo. A violência e as dificuldades enfrentadas por mulheres em diferentes contextos são um fardo adicional para seu bem-estar emocional e psicológico.

Condições de emprego e o aumento da carga de trabalho doméstico, bem como a violência, foram fatores importantes levantados pelo relatório.

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