Cólera em Moçambique: MSF ajuda a conter casos após surto no norte do país

Desde setembro de 2022, Moçambique tem registrado um aumento preocupante de casos de cólera, particularmente na província de Niassa, no norte do país. Em resposta, Médicos Sem Fronteiras (MSF) está apoiando o Ministério da Saúde do país, tratando pessoas, reduzindo a mortalidade e ajudando a controlar a propagação da doença.

Em Niassa, foram reportados mais de 1.400 casos e 13 mortes até o momento, de acordo com o Ministério da Saúde. Os casos ocorreram entre meados de setembro de 2022 e janeiro de 2023 em Lichinga, Lago, Mecanhelas, Mandimba e Sanga.

As equipe s de MSF estão aumentando a capacidade do Centro de Tratamento de Cólera (CTC) do Hospital Provincial de Lichinga para 50 leitos , assim como estão apoiando a instalação de um CTC em Meponda, um vilarejo próximo à capital da província . Nossas equipes também estão reforçando as mensagens de promoção da saúde, realizando doações e distribuições de produtos de higiene, treinando profissionais de saúde para gerenciamento de casos da doença , bem como ampliando as medidas de prevenção e controle de infecções.

“A ocupação do centro de tratamento de cólera no Hospital Provincial de Lichinga nestas últimas semanas tem sido superior a 15 leitos, e recebemos até 50 pacientes hospitalizados. Contudo, estamos vendo menos pacientes morrerem nos últimos dias”, diz Sara Miro, coordenadora médica de MSF.

As equipe s de MSF também estão trabalhando numa estratégia baseada na comunidade, para reforçar as medidas de higiene e detectar casos suspeitos de diarreia em fase inicial.

“A fim de alcançar mais pessoas, nossas equipe s estão trabalhando com grupos e comitê s comunitários locais, visitando áreas que relataram um elevado número de casos e montando tendas para atender pacientes na cidade de Lichinga”, explica Miro.

MSF também está respondendo ao surto em outras partes do país. Na província de Nampula, como parte de uma medida de preparação para emergências, estamos apoiando a criação preventiva de um centro de tratamento de cólera de 25 leitos no distrito de Angoche. Na capital do país, Maputo, MSF treinou profissionais de saúde locais com foco em medidas de prevenção e controle de infecções.

A nível nacional, doamos ao Ministério da Saúde moçambicano artigos médicos, tais como medicamentos de reidratação de pacientes , mais de 24 mil garrafas de uma solução purificadora de água e 1.500 pastilhas de cloro para serem utilizadas principalmente nas províncias de Niassa, Zambézia e Sofala, onde casos também foram reportados.

Além disso, estamos reforçando a formação e as medidas de prevenção e controle de infecções em todos os proje tos da MSF no país, nas províncias de Cabo Delgado, Sofala e Nampula.

As equipe s de MSF continuam a acompanhar a situação e permanecem em alerta para responder às tendências epidemiológicas e às necessidades médico-humanitárias do país, especialmente à medida que a estação das chuvas continua.

MSF atua em Moçambique desde 1984 e há mais de 30 anos responde às necessidades médico-humanitárias em todo o país.

O cólera é endêmico em Moçambique. Esta doença mortal é altamente contagiosa e ocorre em ambientes sem água limpa e saneamento adequado, provocando diarreia e vômitos abundantes, o que pode levar à desidratação intensa .