Colômbia: relatório de MSF analisa impacto da violência na população civil do país

Organização colheu depoimentos de pessoas que vivem com medo e correm vários riscos. Taxa de homicídios entre homens na Colômbia é quase dez vezes maior do que no Brasil

Isso fez com que 3 milhões de colombianos, um número sem precedentes, deixassem suas casas com medo da violência, desde 1995. Além dos impactos econômicos e sociais, esses deslocamentos colocam a população em risco de vida e de ser afetada por vários problemas de saúde, revela um relatório de Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Com o título de Vivendo com medo: O ciclo vicioso da violência na Colômbia, o documento traz uma série de depoimentos de colombianos que tiveram que abandonar suas casas e detalha o trabalho de profissionais de MSF, que está há 21 anos no país.

A violência é a principal causa de morte hoje na Colômbia: 221 para cada 100.000 homens morrem assassinados, quase dez vezes a mais do que no Brasil – com taxas em torno de 24,5 homens para cada 100.000. A média mundial é bem mais baixa, de 8,8 para cada 100.000.

Massacres, assassinatos e o medo constante são comuns na Colômbia, afirma MSF. A maioria dos deslocados vem das áreas rurais do país e busca refúgio nas favelas dos grandes centros urbanos. Apesar de relativamente seguras, as condições de saúde, saneamento básico e econômicas nas favelas estão longe de serem satisfatórias. Os deslocados também sofrem impactos psicológicos bastante negativos, constatou MSF.

MSF pede mais atenção e prioridade por parte do governo colombiano e de seus aliados às condições da população civil.

"Todas as famílias sofrem. Uma vez perguntei aos meus alunos, de 11 anos, quantos tinham perdido integrantes de suas famílias nos confrontos entre guerrilhas e paramilitares. De 28 crianças, 20 tinham perdido familiares, que foram assassinados".
Depoimento de uma professora numa área rural da Colômbia

A organização lembra ainda que, desde 1998, médicos não conseguem chegar a regiões como o norte da província de Santander – por causa da violência. Como conseqüência, entre outras, menos de 1% das crianças foram vacinadas contra doenças como a pólio. "Apesar de ainda não conhecermos com detalhe os impactos disso na saúde, tememos infecções e epidemias", afirma o documento.

Além dos depoimentos, Living in Fear traz imagens do impacto que a violência tem nos colombianos e desenhos feitos por crianças de como o problema afeta suas vidas.

Mais informações:
Mariana Timóteo da Costa
Assessora Imprensa MSF Brasil
2215–8688 ou 9988-1846

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