Com confrontos em Masisi, mais de 10 mil pessoas se refugiam em hospital e na sede de MSF

Equipes tratam feridos e apoiam famílias deslocadas que se abrigam na instalação de saúde, na República Democrática do Congo

Famílias deslocadas pelos recentes conflitos se abrigam no Hospital Geral de Masisi, na República Democrática do Congo. Janeiro de 2025. © MSF

A segurança e a situação humanitária no Território de Masisi, em Kivu do Norte, República Democrática do Congo (RDC), permanecem muito voláteis. Os confrontos entre o grupo M23/AFC e o exército congolês e seus aliados continuaram nesta manhã de quinta-feira (9 de novembro) dentro e ao redor da cidade de Masisi. Milhares de pessoas – moradores, profissionais de Médicos Sem Fronteiras (MSF) e do Ministério da Saúde e suas famílias – mais uma vez precisaram se refugiar no Hospital Geral de Masisi e na sede de MSF na região.

“É difícil estimar o número exato, mas eu diria que mais de 10 mil pessoas ainda estão abrigadas lá, a maioria mulheres e crianças”, relata Romain Briey, coordenador do projeto de MSF em Masisi.

• Quer ajudar MSF a levar cuidados de saúde a lugares como a República Democrática do Congo? DOE!

“Estamos começando a ter algumas preocupações, porque as instalações sanitárias não são suficientes para atender às necessidades básicas”, continua ele. “As latrinas estão começando a transbordar, e estamos fazendo o possível para responder a essa situação. Mas a grave falta de atores humanitários na área está dificultando as coisas.”

Esta não é a primeira vez que essas estruturas abrigam um grande número de pessoas deslocadas. Nos últimos anos, tais movimentos têm sido frequentes nesta área de conflito.

Famílias deslocadas pelos recentes conflitos se abrigam no Hospital Geral de Masisi, na República Democrática do Congo. Janeiro de 2025. © MSF

MSF já tratou 77 pessoas feridas

Na semana passada, as pessoas já haviam buscado refúgio no Hospital Geral de Masisi e no Centro de Saúde de Referência de Nyabiondo. Desde então, equipes de MSF e do Ministério da Saúde do país foram mobilizadas para lidar com o fluxo de feridos. Entre 2 de janeiro e a manhã desta quinta-feira, foram tratadas 77 pessoas feridas.

• Leia também:
Relatório de MSF revela número sem precedentes de casos de violência sexual na RDC

Seis histórias de pessoas que, para sobreviver à violência, deixaram suas casas para trás, na RDC

“Hoje, além de tratar os feridos e continuar o fornecimento de cuidados regulares, as equipes estão tentando apoiar as famílias que se refugiam nas instalações, garantindo o acesso a água potável e cuidados médicos”, explica Romain Briey. “Mas, em breve, haverá necessidade de alimentos se a situação continuar.”

Famílias deslocadas pelos recentes conflitos se abrigam no Hospital Geral de Masisi, na República Democrática do Congo. Janeiro de 2025. © MSF

A situação de segurança na região também está afetando a capacidade de MSF de encaminhar pacientes em estado crítico para a cidade de Goma e de implementar equipes em outras partes do território, impossibilitando a avaliação das necessidades nas demais áreas.

Com a instabilidade e a escala dos confrontos, MSF pede a todas as partes envolvidas no conflito que continuem garantindo a segurança de pacientes, equipes e pessoas deslocadas nas instalações de saúde e humanitárias.

A segurança da população dentro do hospital não pode ser garantida se as partes em conflito não respeitarem suas obrigações sob o direito internacional humanitário.”

– Lucien Kandundao, diretor médico do Ministério da Saúde na região de Masisi

“Felizmente, esse respeito está sendo garantido até agora, e estamos trabalhando em nosso nível para assegurar que a neutralidade do hospital também seja totalmente respeitada e que não haja pessoas armadas ou uniformizadas dentro do hospital”, conclui Lucien Kandundao.

As equipes de MSF apoiam o Ministério da Saúde em Masisi desde 2007. Atualmente, apoiamos o Hospital Geral de Referência, o Centro de Saúde de Referência de Nyabiondo e vários centros de saúde próximos.

 

 

 

Compartilhar