Combatendo a desnutrição: histórias de recuperação nos projetos de MSF

Com o tratamento correto, é possível ver melhorias significativas em pacientes com desnutrição em um curto período de tempo

Domingas Luciana e as filhas, Florença (esquerda) e Felipa (direita). © Mariana Abdalla/MSF

A cada ano, mais de 1 milhão de crianças morrem em decorrência da desnutrição em todo o mundo. Uma em cada cinco mortes entre crianças menores de 5 anos de idade é causada pela forma aguda e grave dessa doença, uma das principais ameaças à saúde infantil, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).

As crianças são particularmente vulneráveis à desnutrição. Seja em decorrência dos efeitos da emergência climática, por consequência de secas e/ou inundações, de guerras e conflitos ou de deslocamentos forçados, a maioria dos pacientes de que cuidamos em nossos projetos no mundo com essa condição são menores de 5 anos de idade. Somente em 2023, MSF tratou de mais de meio milhão de crianças com desnutrição.

Ver as famílias saindo juntas do hospital é a melhor sensação do mundo.”

– Jenna Broome, médica de MSF

Conheça as histórias de alguns de nossos pacientes que venceram a desnutrição em nossos projetos ao redor do mundo ao longo dos mais de 50 anos de nossa atuação:

Florença, Angola

Domingas dá à filha, Florença, os medicamentos para tratamento da malária. © Mariana Abdalla/MSF

“É difícil chegar ao posto de saúde, levo duas horas caminhando”, conta Domingas Luciana, ao sair de uma consulta com MSF na comunidade de Camassissa, uma área remota na província de Huíla, sudoeste de Angola. Casos de desnutrição e malária são recorrentes em comunidades remotas e em situação de vulnerabilidade no país, especialmente durante picos de seca ou chuvas intensas.

Leia também: Ajudando a reduzir a desnutrição e a malária em Angola

Uma das duas filhas de Domingas Luciana, Florença, estava com desnutrição aguda grave e havia testado positivo para malária. “Florença nasceu muito magra e não melhorava”, explica ela.  Ela ingressou no programa nutricional em regime ambulatorial — no qual recebeu alimento terapêutico pronto para uso (ATPU) — e também foi tratada para malária. Em apenas três semanas, a mudança no estado de saúde da criança foi notável. “Desde que comecei a trazê-la a essa clínica móvel e ao hospital para acompanhamento, Florença tem melhorado. Me sinto muito feliz por minha bebê ter se recuperado.”

Você sabe o que é alimento terapêutico pronto para uso? Veja aqui

Nyayesh, Afeganistão

Médica de MSF atendendo a bebê Nyayesh, que foi internada com pneumonia e desnutrição na unidade de tratamento intensivo pediátrico. © MSF

Nyayesh foi internada no Hospital Regional de Herat, no Afeganistão, devido à pneumonia e à desnutrição. A bebê, com apenas oito meses de vida na época, tinha sérias dificuldades respiratórias, e a circulação e o coração estavam extremamente fracos. Após receber tratamento para sua condição e após alguns dias em coma, ela finalmente acordou, e seu progresso deu esperança à equipe médica.

No Afeganistão, é difícil obter tratamento para a condição de Nyayesh. Porém, com os cuidados oferecidos à bebê, a equipe permaneceu confiante. “O alimento terapêutico fortalece Nyayesh e seu sistema imunológico. Agora, seu corpo pode lidar melhor com as infecções. Houve um momento em que fui vê-la pela manhã quando fazia meu turno. Ela se sentou no colo de sua mãe e riu para mim. Foi então que percebi que ela tinha superado o pior”, contou Solveig Köbe, enfermeira de MSF.

Todos os meses, centenas de crianças são internadas na unidade de terapia intensiva do departamento pediátrico apoiado por MSF no Hospital Regional de Herat e no centro de alimentação terapêutica administrado por MSF; muitas estão com desnutrição grave e lutando por suas vidas.

Conheça também a história de recuperação de Rosa, em Angola.

Mikaela, Chade

No final de setembro de 2023, uma mãe chegou à unidade de cuidados neonatais de MSF em Adré, no leste do Chade, com a filha recém-nascida. Ela pesava apenas 800 gramas. A bebê decidiu vir ao mundo cedo demais, em um lugar que algumas pessoas poderiam considerar um dos mais difíceis para alguém começar sua vida nos dias de hoje. O leste do Chade, país que já enfrentava imensos desafios, com um dos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixos do mundo, acolhe atualmente milhares de refugiados do Sudão, que tem sido devastado por intensos conflitos desde abril de 2023.

Cerca de um mês depois de receber tratamento em nossas instalações, a menina já pesava 1.320 gramas. Ainda era pouco, se comparado ao que pode ser considerado ótimo, mas ela estava bem o suficiente para receber alta e ir para casa. Esse foi um grande dia para todos na equipe.

Conheça melhor a história de recuperação de Mikaela.

Apenas fornecer alimentos não basta, o tratamento para desnutrição exige cuidados especializados

“A desnutrição não é só fome. Uma vez com desnutrição, a criança fica com seu sistema imunológico enfraquecido, e seu corpo não pode combater doenças infecciosas como faria normalmente. Portanto, não se trata apenas de fornecer comida” diz Jenna Broome, médica de MSF. “Elas precisam de cuidados médicos e perícia especializados. Precisam ser estabilizadas, precisam de antibióticos e precisam de líquidos. Além de tudo isso, precisam de vitaminas, leite ou alimentos terapêuticos especialmente formulados e de vacinas para protegê-las contra novas infecções. Tudo isso é o que MSF é capaz de fornecer”, completa.

Batoul, Iêmen

A bebê Batoul durante período de internação no Hospital Al-Salam. © Nuha Haider/MSF

Batoul, de sete meses de vida, é natural da aldeia de Al Musaijid, no distrito de Khamer, província de Amran, no Iêmen. Ela sofria de infecção respiratória, febre e desnutrição quando sua mãe a levou ao Hospital Al-Salam, em Khamer. Com os devidos cuidados médicos, após três dias internada, a bebê se recuperou e pôde retornar para casa.

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