28 de setembro, Dia Internacional do Aborto Seguro

Todos os dias, as equipes de MSF ao redor do mundo testemunham em primeira mão as mortes e as lesões causadas por tentativas inseguras de interromper a gravidez

28 de setembro, Dia Internacional do Aborto Seguro

O aborto inseguro é uma das principais causas de morte materna em todo o mundo. As estimativas colocam o número de abortos inseguros a cada ano em mais de 25 milhões – 97% deles em países em desenvolvimento – levando a pelo menos 22.800 mortes e milhões de complicações graves; 28 de setembro é o Dia Internacional do Aborto Seguro, um momento para chamar a atenção para o fato de que o aborto seguro é um atendimento de saúde essencial.

Confira alguns de nossos testemunhos ao redor do mundo:
 

República Democrática do Congo: “Meninas estão perdendo suas vidas”

“Havia duas meninas da mesma família, ambas de 15 anos e grávidas. Elas queriam continuar seus estudos. Então, depois de obter conselhos de seus amigos, elas secretamente foram para o mato em busca de ervas tradicionais.
 
Prepararam as ervas e beberam, pensando que esse remédio causaria um aborto. As meninas começaram a ter complicações abdominais. Suas barrigas ficaram inchadas. Elas estavam chorando e sofrendo.
 
Seus pais as levaram para o hospital. As duas meninas morreram com poucos minutos uma da outra. Morreram como resultado de envenenamento por plantas tradicionais que usavam para induzir o aborto. Isto acontece muito por aqui.
 
Normalmente, em nosso país, é difícil falar sobre problemas como gravidez indesejada. É complicado com nossas tradições e tabus. As meninas têm medo de que, se seus pais souberem que estão grávidas, sejam espancadas ou expulsas da família. Isso é muito doloroso. Nós deveríamos poder dizer isso: é doloroso. Meninas estão perdendo suas vidas”.

Índia: “Experimentei um grande alívio”
 
“Eu me casei aos 14 anos. Não gostava de ir à casa do meu marido porque eu ficava com marcas de mordidas por todo o meu corpo [de seu marido]. Até no meu rosto, por isso eu sempre tive que mantê-lo coberto. Falei com uma vizinha da minha cidade natal sobre a minha situação. No entanto, ela me disse que não havia outra opção a não ser voltar para ele. O tempo continuou passando, mas minhas circunstâncias não mudaram. Continuei dando à luz aos meus filhos, um após o outro.
 
Quando descobri que estava grávida, fiquei muito triste porque já tinha cinco filhos. Eu pensei que se eu desse à luz a um sexto filho, como iria cuidar dele? Não tenho absolutamente nenhum apoio do meu marido. Quanto uma mulher pode fazer por seus filhos sozinha? Quando soube que estava grávida do meu sexto filho, chorei muito. Não tenho forças para dar à luz a mais filhos.
 
É muito difícil para as mulheres falar sobre abortos em nossa sociedade. Quanto tempo as mulheres terão que sofrer por causa disso? Parece que séculos se passaram, mas nada mudou. Em 22 anos de vida de casada, acho que não vi nada mudar!
 
Compartilhei minha dor, minhas lutas, com uma mulher da minha vizinhança – como estou compartilhando com você agora – e comecei a chorar.
 
Ela me contou sobre uma clínica onde eu poderia obter ajuda. Inicialmente, fiquei com muita vergonha de ir a esta clínica e fazer um aborto. Mas quando deixei cair o véu do constrangimento e procurei ajuda, senti muito alívio e fui capaz de sair dessa situação difícil”.
 

Oriente Médio: “Meu marido e eu decidimos interromper a gravidez”
 
“Meu marido e eu estávamos usando anticoncepcionais porque não queríamos ter filhos naquela época. Mas depois de fazer alguns testes, um ginecologista me disse que eu estava grávida de quatro meses.
 
Eu já havia sido avisada por médicos que não deveria engravidar. Não posso ter um parto normal, então devo fazer uma cesariana, mas, por causa dos meus problemas de saúde, me disseram que eu poderia morrer durante o parto.
 
Seguindo o conselho dos médicos – de que esta gravidez poderia ser um risco para a minha saúde – meu marido e eu decidimos interromper a gravidez”.

 

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