Conflitos na Bolívia impedem os feridos de receber tratamento

MSF denuncia a falta de respeito às missões de saúde que levam tratamento às pessoas feridas durante os conflitos, e vem realizando levantamento das necessidades mais urgentes, tais como medicamentos e outros materiais de saúde.

 A gravidade da situação na Bolívia tem o seu preço: milhares de civis estão sendo vítimas dos conflitos entre manifestantes e as forças de segurança. Segundo a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), o trabalho humanitário de ajuda médica às pessoas feridas durante os combates não tem sido respeitado.

“A falta de respeito à missão médica prejudica o tratamento dos feridos. O direito ao acesso às vítimas tem que ser respeitado por todos os atores envolvidos no conflito,” declara Silvia Moriana, Coordenadora Geral de MSF na Bolívia.

MSF realizou um levantamento inicial, no último domingo 12 de outubro, no Hospital de Clínicas em La Paz, o principal hospital de referência para os feridos. A equipe também está levantando outras necessidades e oferecendo suprimentos e materiais de saúde à principal rede de ambulâncias devido à falta de medicamentos e materiais para tratar os pacientes que forem encaminhados.

O uso impróprio das ambulâncias pelas autoridades durante os conflitos de fevereiro deste ano em La Paz explica a desconfiança sentida por parte da população mobilizada. As ambulâncias têm problemas de trafegar, impedindo o acesso às vítimas, a maioria delas atingidas por balas de fogo. Às vezes, as ambulâncias são impedidas de realizar suas atividades. Pedras foram atiradas contra as ambulâncias e muitas vezes elas são paradas para se verificar que estão transportando pessoas feridas e não militares ou forças policiais.

As manifestações foram desencadeadas pela oposição do povo à exportação de gás, à Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e às novas leis de segurança e impostos.

A Bolívia tem os piores indicadores de saúde na América Latina, atrás apenas do Haiti.

MSF está na Bolívia desde 1986.

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