Conheça os desafios no transporte de pacientes em Cross River, na Nigéria

Em Histórias de MSF, o motorista Patrick A. Njok conta que o caminho até as comunidades remotas inclui pontes quebradas, veículos atolados e árvores caídas

Patrick A.Njok trabalha como motorista de MSF em Cross River. © Abba Adamu Musa

Patrick A. Njok trabalha com Médicos Sem Fronteiras há dois anos, garantindo que os pacientes que necessitam de cuidados de saúde essenciais em Cross River, na Nigéria, cheguem ao hospital. Cross River é um estado localizado no sul do país, onde em certas áreas o acesso a serviços médicos é difícil. Em Akor e Old Ndebeji, por exemplo, comunidades não têm água potável apropriada, rede telefônica ou instalações de saúde adequadas.

Aqui, Njok conta um pouco do seu trabalho e dos desafios enfrentados pelos pacientes para conseguir acessar estruturas de saúde na região:

Patrick A.Njok trabalha como motorista de MSF em Cross River. © Abba Adamu Musa

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“Meu nome é Patrick A. Njok e trabalho como motorista de Médicos Sem Fronteiras (MSF). Adoro o meu trabalho. A minha principal atribuição é levar pacientes de emergência das instalações de MSF para o hospital de referência.
Durante a estação chuvosa, enfrentamos quatro desafios principais para o transporte de equipes e pacientes de MSF na região.”

1. Árvores caídas
“Levo os pacientes de emergência para outros hospitais de referência que podem fornecer serviços médicos para problemas de saúde mais complexos. Em Cross River, esse transporte nem sempre é simples. Em primeiro lugar, temos o desafio do clima.
Quando chega a estação das chuvas, há tempestades de vento, que derrubam as árvores. Isso pode acontecer de repente, quando você já está na estrada, porque a chuva pode chegar a qualquer momento.
Se você não levar um facão, uma faca ou uma motosserra, pode acabar ficando preso nas estradas bloqueadas por árvores caídas até que os moradores possam ajudá-lo a removê-las. Isso pode atrasar seriamente o acesso dos pacientes aos hospitais, o que pode ter consequências fatais.”

2. Estradas lamacentas
“O segundo desafio que temos é a estrada. Entre maio e outubro, quando chove muito, fica muito difícil dirigir com a textura do solo – montanhoso, lamacento e escorregadio. Alguns de meus colegas já passaram quase metade do dia tentando desatolar o carro.

Carro de MSF levando nossa equipe para a unidade de saúde primária que apoia as comunidades de Old Ndebeji e Akor. © Abba Adamu Musa

Mesmo os veículos que utilizamos, próprios para este tipo de terreno, às vezes têm dificuldades para atravessar a lama e ficamos presos, com as rodas girando, mas sem sair do lugar. Temos que garantir que todos os carros venham com pneus para todo tipo de terreno e um guincho elétrico para que o motorista possa desatolar o carro sozinho.”

3. Pontes quebradas

“Nesta área, precisamos atravessar muitas pontes. No entanto, essas estruturas foram construídas em 1973, quando eu ainda estava na escola primária. Até hoje, elas ainda são as mesmas pelas quais estamos passando agora. São pontes simples de madeira, e há veículos que estão atravessando com uma carga de mais de 30 toneladas.

Às vezes, quando passamos por essas estruturas delicadas, todos os passageiros têm que sair e atravessar a pé para reduzir o peso. Recentemente, duas pontes desabaram.”

– Equipe de MSF cruzando ponte de madeira. Por conta da estrutura frágil, os veículos precisam fazer a travessia sem passageiros. © Abba Adamu Musa

4. Aumento de custos

“Trabalhei muito para apresentar MSF para a comunidade e explicar o que fazemos. Os motoristas costumam ser os primeiros representantes de MSF nas comunidades, pois o veículo é a primeira coisa que as pessoas veem.

Eu incentivo as pessoas a irem à nossa clínica. Se você estiver doente, vá até a unidade de saúde e MSF irá te fornecer tratamento. Mas o desafio é que, na estação das chuvas, o preço dos táxis e do transporte aumenta. Pode ser cerca de quatro vezes mais caro. Se as pessoas não vierem à clínica, não poderemos encaminhá-las, e eu não poderei levá-las a outros hospitais.”

Doe para MSF e nos ajude a continuar fornecendo cuidados de saúde em lugares como Cross River, na Nigéria.

Atuação de MSF na região

O atual projeto de MSF em Cross River está ativo desde 2021, apoiando pacientes que têm pouco ou nenhum acesso a cuidados de saúde.
Atualmente, MSF administra clínicas de saúde básica para pessoas que precisam de serviços como atendimento pré-natal ou tratamento de malária e, em seguida, encaminha os casos mais graves para outros hospitais da região – Patrick é uma parte fundamental disso.
Mesmo durante a estação seca, a área é remota e rural, onde há pouco ou nenhum meio de transporte público para as pessoas. A temporada de chuvas, entretanto, traz uma série de novos desafios.

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