Crise de combustíveis no Haiti limita acesso da população à assistência médica

Problema causa sérias interrupções no atendimento, limitando a capacidade de MSF de tratar pacientes e das equipes de chegar às instalações de saúde

Foto: Guillaume Binet/MYOP

A escassez de combustível no Haiti nos últimos dias está ameaçando o acesso e a continuidade da assistência médica no país, afirma a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF). Em seu hospital de trauma em Tabarre, em Porto Príncipe, MSF foi forçada a limitar o número de pacientes atendidos e está tratando apenas emergências médicas em que há risco de morte. O funcionamento de muitas outras estruturas médicas, públicas e privadas, também foi interrompido.

Diante das necessidades urgentes, MSF apela às várias partes envolvidas para que tomem medidas rápidas e facilitem o fornecimento de combustível às estruturas de saúde.

“Sem combustível, não podemos administrar nosso hospital”, disse o Dr. Kanouté Dialla, coordenador do hospital de Tabarre. “Estamos fazendo o possível para manter nossas atividades, adaptando-as no dia a dia, mas essa situação é insustentável. O hospital é o único centro do país especializado no tratamento de queimaduras graves”.

Devido à falha na rede elétrica, as instalações de MSF usam geradores para operar os diversos serviços médicos, incluindo o centro dedicado ao tratamento de queimaduras graves. A atual escassez de combustível compromete a capacidade de operação da unidade.
A falta de combustível também prejudica o funcionamento dos transportes públicos na cidade, atrapalhando o deslocamento das equipes de MSF até o hospital, o que afeta o padrão de atendimento no centro de trauma.

“Hoje, apenas 10% da equipe consegue trabalhar”, disse Dr. Dialla. “Organizamos ônibus para transportar nossa equipe e garantimos o rodízio mínimo necessário para o funcionamento do hospital. Isso aumenta consideravelmente a carga de trabalho dos profissionais de plantão. Tal situação é insustentável”.

O Centro de Emergência de MSF no distrito de Turgeau, em Porto Príncipe, que encaminha os pacientes para o Hospital de Tabarre, também foi afetado pela crise. É cada vez mais difícil para o centro transferir seus pacientes que precisam de tratamento hospitalar.
“Mais da metade dos pacientes recebidos no Hospital de Tabarre são transferidos do Centro de Emergência de Turgeau”, disse Désiré Kimanuka, coordenador do Centro de Emergência. “Se os serviços são reduzidos, esses pacientes podem não receber o tratamento que precisam”.

A escassez de combustível é um desafio adicional para uma situação de segurança já complicada.

Devido à volatilidade desse cenário e às necessidades médicas significativas, MSF continua adaptando seus projetos para manter os serviços de saúde para a população haitiana.

MSF atua no Haiti há mais de 30 anos. Hoje, as atividades se concentram em responder às emergências médicas vitais para pessoas afetadas por violência, queimaduras, acidentes rodoviários, violência sexual e serviços de maternidade. Recentemente, MSF desenvolveu atividades para pessoas deslocadas em várias áreas de Porto Príncipe e atuou em diversas estruturas de saúde, em particular as de Jérémie e Les Cayes, após um forte terremoto que atingiu o sul da ilha no dia 14 de agosto deste ano.

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