Crise de saúde e altos índices de desnutrição no noroeste da Nigéria

MSF já tratou mais de 140 mil crianças com desnutrição aguda na região este ano; resposta humanitária precisa ser ampliada urgentemente.

Foto: George Osodi/MSF

A crise de desnutrição no noroeste da Nigéria permanece em níveis catastróficos, à medida que os atores humanitários continuam a ignorar esta região, que está sendo atingida pelo aumento da violência, deslocamento, perda de meios de subsistência e elevação dos preços dos alimentos. Médicos Sem Fronteiras (MSF) pede, mais uma vez, que a comunidade humanitária responda imediatamente às necessidades emergenciais das pessoas na área.

Mulheres em fila para recolher alimentos e medicamentos terapêuticos em um centro de nutrição terapêutica ambulatorial apoiado por MSF em Kebbi, Nigéria. Julho, 2022. Foto: KC Nwakalor/MSF.

Durante meses, MSF tem apelado para que o noroeste da Nigéria seja incluído no plano de resposta humanitária da Organização das Nações Unidas (ONU), em particular para que os atores que dependem do financiamento da ONU possam apoiar o fornecimento de assistência à região. No entanto, até o momento, o plano prioriza a assistência às pessoas da região nordeste do país.

Os últimos meses, contudo, foram incrivelmente difíceis para o povo do noroeste da Nigéria, e nossas equipes viram um número sem precedentes de crianças com desnutrição nas instalações médicas onde trabalhamos em parceria com o Ministério da Saúde.

Somente neste ano, tratamos mais de 140 mil crianças com desnutrição aguda nos estados de Zamfara, Katsina, Sokoto, Kebbi e Kano. No estado de Zamfara, as internações de crianças com desnutrição aguda grave nos centros de nutrição terapêutica ambulatorial de MSF são 39% maiores do que no ano passado. No estado de Katsina, 80 mil crianças foram tratadas por desnutrição aguda grave, enquanto 12.700 delas necessitaram de internação.

Amaka Joseph espera enquanto um dos seus filhos tem seu peso avaliado e se recupera da desnutrição no centro de nutrição terapêutica intensiva em Sokoto, Nigéria. “Quando começámos o tratamento, comecei a ver melhorias. Agora, eles podem comer bem e brincar. E isso me deixa feliz”, disse ela. Foto: KC Nwakalor/MSF

O Dr. Simba Tirima, representante nacional de MSF na Nigéria, descreve a situação:

Vemos crianças morrendo a caminho de nossas clínicas. Vemos crianças cuja condição médica é tão grave que nada podemos fazer para salvá-las. O aumento da violência, o deslocamento, a elevação dos preços dos alimentos, as epidemias e as mudanças climáticas são os fatores que desencadeiam essa alarmante crise de saúde e de desnutrição”.

Mulheres deslocadas internas cozinham perto de uma escola no estado de Katsina, Nigéria, onde as pessoas procuraram abrigo após terem fugido da violência. Foto: George Osodi/MSF

A dimensão desta crise exige mobilização nacional e internacional para uma resposta humanitária adequada. Apelamos a outras organizações para que se juntem e apoiem as autoridades no atendimento das necessidades mais urgentes das comunidades afetadas. O noroeste continua a ser amplamente ignorado na resposta humanitária global liderada pela ONU e planos na Nigéria, que se concentram na situação do nordeste do país”.

“Garantir um maior acesso ao tratamento nutricional vital para milhares de pessoas que precisam dele agora e precisarão durante a próxima ‘estação de escassez’ (período entre plantio e colheita) é essencial para evitar que 2023 se torne mais um ano devastador para as crianças no noroeste da Nigéria”.

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