Desvendando a cadeia de suprimentos de MSF em Nairóbi

Projeto recebe profissional brasileira para liderar equipe local

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Nove meses, só para começar. Mina Kanashiro é formada em relações internacionais, mas foi sua experiência com a cadeia de suprimentos que a levou a ocupar uma posição estratégica em um dos centros de distribuição (os chamados hubs) da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Nairóbi, no Quênia. O hub administrado pelo centro operacional de MSF em Bruxelas é que abastece os principais projetos dessa seção localizados na República Democrática do Congo, Sudão, Uganda, Guiné, Serra Leoa e Libéria. O objetivo é alcançar a melhor negociação em termos de custos, prazos e qualidade dos produtos e serviços.

Além de esta ter sido a primeira experiência de Mina com MSF, também foi a primeira vez que a posição de gestão do hub foi ocupada por um brasileiro. Mina foi responsável por uma equipe de três pessoas, toda composta por profissionais quenianos. Em seu dia a dia, ela liderava negociações com governos e fornecedores locais e capacitava sua equipe. “No início, foi complicado. O time estava desmotivado. Eles não acreditavam que minha presença ali poderia beneficiar nem a eles nem ao projeto. Mas, pouco a pouco, as coisas foram mudando. Na medida em que eles foram percebendo que eu tinha, sim, muito com o que contribuir, passaram a demonstrar interesse por aprender coisas novas. E eu adoro ensinar!”, conta Mina. Periodicamente, durante sua permanência no projeto, ela organizava treinamentos sobre os mais diversos temas. “Acho fundamental que busquemos reter o capital intelectual nacional em nossos projetos, porque são eles que vão garantir a continuidade dos processos, uma vez que o profissional estrangeiro conclua sua participação”, explica.

Ainda que já tivesse familiaridade com a atuação de MSF, Mina conta ter se surpreendido com a estrutura do hub e com a dimensão do trabalho que é realizado ali. “Quando você vem do mundo corporativo e vai para uma organização humanitária, é normal que a gente equilibre as expectativas. Mas quando vi a organização de MSF, a estrutura enorme que é o hub, cheio de processos sistematizados e funcionais, fiquei bastante impressionada! Não fazia ideia da complexidade”, conta.

Mina teve raras oportunidades de visitar os projetos de MSF que tratam diretamente os pacientes, mas soube desde o início que esta seria uma frustração com a qual teria que lidar. Ainda assim, ela sentia que seu trabalho beneficiava as pessoas mais vulneráveis e, por isso, já faz planos para voltar a trabalhar com MSF.

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