Emergência climática no Chade: atividades de MSF em resposta a crises

País passa por uma crise crônica de saúde, com epidemias sucessivas e insegurança alimentar, além de algumas das maiores taxas de mortes infantis e maternas do mundo

Foto: Mohammad Ghannam/MSF

O Chade e a região do Sahel, no continente africano, enfrentam múltiplas crises – de saúde, da pecuária, sociais, econômicas e ambientais – devido a eventos climáticos extremos e alterações na sazonalidade climática. Isso significa que as pessoas enfrentam escassez de alimentos e recursos hídricos. As temperaturas mais quentes e a variação entre os períodos de chuva afetam as colheitas, a disponibilidade de água e a segurança alimentar.

Encontrar água potável e adequada no país é um enorme desafio, que está se agravando e aumentando a vulnerabilidade de muitas pessoas no Chade. A população já está entre as mais impactadas no planeta pela emergência climática.

 

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A queda recorrente das safras e os desafios de geração de renda combinados com o aumento dos preços dos alimentos, agravam a insegurança nutricional. Esta terrível realidade é intensificada pela guerra na Ucrânia e pelo impacto nas exportações agrícolas globais sentido no Chade e em outros lugares.

Atividades de MSF

As equipes de Médicos Sem Fronteiras (MSF) iniciaram uma resposta nutricional na província de Hadjer Lamis, em setembro de 2021, após receberem um alerta sobre um número significativo de casos de desnutrição aguda grave na região. Entre 1º de setembro de 2021 e 30 de maio de 2022, 15.956 pacientes receberam tratamento para desnutrição aguda grave. Dentre elas, 837 crianças foram internadas no centro de alimentação terapêutica hospitalar, devido a complicações.

Em abril de 2022, as equipes de MSF testemunharam um aumento significativo de internações de pacientes. No seu pico, a taxa de ocupação de leitos atingiu mais de 100%. Consequentemente, fomos obrigados a aumentar a capacidade de 50 para 75 leitos, nos centros de nutrição terapêutica intensiva.

MSF fornece assistência por meio de centros de alimentação terapêutica ambulatorial e centros de alimentação terapêutica hospitalar no Hospital Distrital de Massakory. Também promovemos atividades de prevenção.

“Temos cinco poços no vilarejo, apenas um com uma bomba. Dois têm água potável. Não é o suficiente para um grande vilarejo.”

– Achta Abakar, mãe do bebê Abdoul-Rahman Mahamat, que tem pouco mais de um ano de idade e recebe atendimento no programa de nutrição de MSF.

No Leste e ao sul do Chade, as equipes de MSF prestam cuidados médicos e assistência às pessoas deslocadas e às comunidades locais que lutam contra a falta de acesso a alimentos.

A equipe de MSF trabalha para prevenir ou ajudar a mitigar os picos sazonais de desnutrição e malária entre as crianças, inclusive em toda a região do Sahel em Adre, na fronteira com o Sudão, uma área marcada pela violência e pelo deslocamento.

Também apoiamos as comunidades para melhorar os cuidados de saúde para mulheres e crianças, além de realizarmos campanhas de vacinação para prevenir e responder a surtos de sarampo.

Uma unidade de resposta a emergências atua em situações de desastres naturais e surtos de doenças, inclusive apoiando campanhas de vacinação contra sarampo, febre amarela ou meningite. A unidade também fornece apoio a pessoas que foram deslocadas.

Emergência climática

O impacto das mudanças climáticas induzidas pela ação humana e da degradação ambiental na saúde é evidente em muitos lugares onde MSF fornece cuidados médicos em todo o mundo. As mudanças climáticas e ambientais afetam diretamente a saúde humana por meio de lesões físicas, desnutrição, mudanças nos padrões de transmissão de doenças, dengue, doenças diarreicas, questões respiratórias e problemas cardiovasculares, por exemplo.

MSF está empenhada em não apenas entender melhor como a crise climática e a degradação ambiental amplificam os problemas de saúde e humanitários, de modo que nossos cuidados sejam mais eficazes e responsáveis, mas também em reduzir nossos próprios impactos ambientais. Também nos esforçamos para falar sobre nossas experiências e as das comunidades e como adaptamos nossa resposta, além de buscarmos aumentar a conscientização e contribuir para uma ação aprimorada.

 

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