Enchentes sem precedentes deixam milhares de pessoas sem abrigo e alimentos no leste do Chade

MSF pede uma resposta rápida em Koukou, no leste do Chade, para atender às imensas necessidades da população e evitar novos surtos de doenças.

Grandes inundações no leste do Chade dizimaram a cidade de Koukou, e milhares de pessoas estão agora isoladas, sem comida, abrigo ou água potável adequados. © MSF

Milhares de pessoas precisaram fugir para as colinas em busca de refúgio na cidade de Koukou, província de Sila, no leste do Chade, após as enchentes recentes. Agora, elas enfrentam grave escassez de alimentos, abrigo, água potável e cuidados médicos. Uma resposta coordenada e rápida é urgentemente necessária.

Koukou e os vilarejos vizinhos foram atingidos por fortes chuvas no início de agosto. O rio Wadi Bahr Azoum, que passa ao lado da cidade, transbordou no dia 5 de agosto, causando a inundação de grande parte da região.

Na sexta-feira (09/08), a água subiu novamente, mas dessa vez com muito mais intensidade, resultando em uma inundação que as pessoas na cidade descreveram como sem precedentes. A cidade inteira foi devastada, e o nível das águas causou perdas para a população de Koukou e de vilarejos vizinhos.

As equipes de MSF relatam que, entre as milhares de pessoas no acampamento improvisado, há muitas crianças, mulheres grávidas e idosos.”
– Julie Melichar, coordenadora de projeto de MSF em Sila.

“A água veio em uma onda enorme, com muita velocidade e força”, relata Julie Melichar, coordenadora de projeto de MSF em Sila. “Em alguns lugares, as pessoas não conseguiam mais andar, tinham que nadar.”

“Vimos pessoas fugindo, em pânico por não conseguirem sair a tempo. Podíamos ouvir casas desmoronando ao nosso redor. Vimos pessoas observando suas casas sendo destruídas diante delas. Milhares de pessoas se deslocaram da cidade para a colina em busca de refúgio. Elas tentaram levar tudo o que podiam, mas era muito pouco”, conta Melichar.

“Muitas pessoas perderam tudo e estão presas em uma colina sem água potável, alimentos ou abrigo. As equipes de MSF relatam que, entre as milhares de pessoas no acampamento improvisado, há muitas crianças, mulheres grávidas e idosos”, diz Melichar.
Muitos poços estão inundados e contaminados, e as pessoas se veem obrigadas a beber água parada e imprópria para consumo. Os estoques de alimentos foram destruídos, em um local onde já havia uma crise alimentar antes dessas trágicas enchentes. As pessoas têm pouco abrigo contra a chuva, e muitas foram vítimas de picadas de cobra. O centro de saúde e o hospital foram inundados, e a maioria do estoque médico foi destruída.

Médicos Sem Fronteiras (MSF) apela para que as organizações humanitárias forneçam assistência emergencial às pessoas em Koukou e na região agora, e que avaliem as necessidades nas áreas vizinhas. Dada a extensão da inundação, é preciso encontrar urgentemente soluções para chegar às comunidades afetadas, levar suprimentos e fornecer uma resposta rápida e coordenada.

Alimentos e abrigos devem ser uma prioridade imediata, bem como uma resposta eficaz em termos de água, saneamento e higiene para reduzir o risco de surtos de doenças. As pessoas podem ficar encurraladas por algum tempo, com o risco de que as enchentes voltem a subir ainda mais.

Milhares de pessoas estão agora isoladas em abrigos improvisados nas colinas, onde o acesso a itens básicos de sobrevivência é precário. © MSF

Toda a equipe de MSF e suas famílias em Koukou foram afetadas pelo desastre, mas estão trabalhando para ajudar sua comunidade. Em um barco de MSF, nossos profissionais e as autoridades locais conseguiram resgatar 296 pessoas na água.
“Os colegas estavam ligando, dizendo que estavam boiando em suas casas, pedindo que enviássemos o barco”, diz Melichar. “As balsas das pessoas viraram, e elas tiveram que se refugiar nas árvores. Durante toda a noite e até a manhã, nosso barco estava ajudando a resgatar as pessoas.”

Resposta de MSF em meio ao iminente risco de novas epidemias

MSF montou uma clínica móvel de saúde primária na colina e está conduzindo atividades para melhorar o acesso à água potável. Mas esse desastre ocorreu no pior momento possível, quando as taxas de malária e de desnutrição estão em seus picos sazonais.
“Estamos tratando a malária, a diarreia aquosa aguda e as infecções do trato respiratório”, diz Melichar. “Também estamos ampliando o sistema de água porque, no momento, as pessoas estão bebendo água contaminada. Mas a população está enfrentando escassez de tudo o que se possa imaginar”, completa.

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“Nesse cenário, fico apreensiva de pensar nos tipos de problemas de saúde que podem se desenvolver – as epidemias são uma ameaça muito real. Estamos muito preocupados. As pessoas em Koukou precisam de organizações humanitárias para ajudá-las, caso contrário, esse desastre natural se tornará uma catástrofe humanitária”, afirma Melichar.

 

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