ENSP escolhe centro de saúde de MSF para residência de pós-graduandos em Saúde da Família

O centro de saúde de MSF na comunidade de Marcílio Dias, Complexo da Maré, é um dos únicos no Rio de Janeiro que inclui nas equipes do Programa Saúde da Família, psicólogos e assistentes sociais, possibilitando um atendimento mais integral do paciente

A Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, a ENSP, escolheu o centro de saúde administrado por Médicos Sem Fronteiras na comunidade de Marcílio Dias, Complexo da Maré, Rio de Janeiro, para ser um dos campos de residência para os profissionais que fazem pós-graduação em Saúde da Família, naquela escola.

Desde maio, 5 profissionais de diversas áreas – um médico, uma enfermeira, uma psicóloga, uma nutricionista e um dentista – fazem residência no centro de saúde de Marcílio Dias, já completamente integrado ao Programa Saúde da Família (PSF). Eles passam três dias fazendo estágio no centro de saúde de MSF e os outros dois dias tendo aulas teóricas na ENSP.

"Nos foi dito que em função de termos uma abordagem diferenciada do PSF, com atendimento integral incluindo a parte psicossocial, o centro de saúde de MSF seria um bom campo de estágio para que esses profissionais possam desenvolver a mentalidade de assistência integralizada", diz Mauro Nunes, coordenador de saúde de MSF no Brasil. Hoje o centro de saúde de Marcílio Dias – administrado por MSF, mas em vias de ser repassado totalmente para o município do Rio de Janeiro – é o único na cidade do Rio de Janeiro que inclui psicólogos e assistentes sociais nas equipes do Programa de Saúde da Família (PSF).

A sergipana Ingrid Guimarães, formada em psicologia, se diz favorecida de fazer residência no centro de Marcílio Dias, já que este é o único PSF do Rio de Janeiro que oferece atendimento psicossocial. "Existem certas situações mais profundas que exigem um acompanhamento mais específico por parte de um profissional especializado", diz Ingrid que vem observando um grande número de pessoas com transtornos mentais nas comunidades atendidas pelo centro de MSF. "São questões que demandam um olhar mais apurado e aqui encontramos um ambiente propício para criarmos um vínculo maior com o paciente, já que o posto de saúde já conta com esse tipo de assistência psicossocial".

A nutricionista Érica Rodrigues, admite que não é a única que está se beneficiando do estágio no centro de saúde de Marcílio Dias. "Como o centro não conta com uma nutricionista de plantão estou tendo a oportunidade de trabalhar na ponta, fazendo visitas domiciliares. Dessa forma, conheço melhor o ambiente familiar dos pacientes, como eles se alimentam e posso orientá-los sobre higiene pessoal e nutricional e trocas alimentares", diz Érica que vem observando um grande número de obesos em Marcílio Dias. "Há um consumo excessivo de massas, alimentos industrializados, frituras e refrigerantes. São alimentos que matam a fome, mas não alimentam. Estou podendo ajudá-los a escolher produtos mais saudáveis como frutas e verduras", diz a nutricionista.

Outra estudante da pós-graduação de Saúde da Família da ENSP que está tendo a oportunidade de fazer sua residência no centro de MSF é a enfermeira Ana Paula Araújo. "Não conhecia o trabalho de MSF, mas nesses quatro meses em que estou aqui pude ver que o trabalho é bem diferente porque tem uma política de saúde bem definida, uma organização boa e muita disciplina. Isso permite que o centro tenha uma produtividade muito grande, atendendo assim um número maior de pacientes", diz Ana Paula. "Quem sai ganhando com isso é a população, já que com essa estratégia de MSF a comunidade tem acesso amplo e facilitado a cuidados de saúde", diz a enfermeira.

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