Epidemia de Ebola completa 1 mês

MSF mantém trabalho intenso na República Democrática do Congo, onde 27 já morreram, para evitar expansão da doença

Epidemia de Ebola completa 1 mês

Um mês depois do anúncio da epidemia de Ebola na República Democrática do Congo (RDC), Médicos Sem Fronteiras (MSF) continua mobilizando todos os recursos humanos e materiais disponíveis para que o surto seja contido o mais rapidamente possível.

No momento, o perfil da epidemia parece estar ficando mais claro, mas ainda há áreas de muita incerteza. Isto significa que as ações de monitoramento, detecção, tratamento e prevenção do Ebola têm de continuar a ser rigorosamente implementadas para evitar que a doença avance.   

Desde a declaração da epidemia, em 8 de maio deste ano, 60 pessoas apresentaram sintomas de febre hemorrágica na RDC, sendo que foram confirmados 37 casos de Ebola. Entre os que adoeceram com febre hemorrágica, houve até 5 de junho 27 mortes, 13 delas confirmadas como Ebola. No mesmo período, 23 pacientes que tiveram diagnóstico confirmado de Ebola se recuperaram da doença e receberam alta de centros de tratamento especialmente montados para o atendimento da emergência. Os dados são do Ministério da Saúde da RDC.

Para combater a epidemia e limitar a propagação do vírus, as equipes de emergência de MSF estão nas quatro localidades onde casos suspeitos e confirmados da doença foram identificados, trabalhando em conjunto com o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No total, há três centros de tratamento de Ebola, com 45 leitos, em Mbandaka, Bikoro e Iboko, além de um centro de tratamento provisório (transit center) em Itipo, com 14 leitos. Todas as localidades ficam na província de Equateur, no oeste do país.

MSF mobilizou até agora 435 pessoas para o trabalho de campo na RDC, sendo 75 estrangeiros. As equipes incluem, além de médicos, enfermeiros, profissionais de saúde mental, de logística e administração.

Já foram enviadas ao país 100 toneladas de equipamentos.  Foram despachados kits médicos, de desinfecção e de higiene, equipamentos de proteção, barracas, materiais de construção e veículos, como jipes e motos.

Esta é a nona epidemia de Ebola registrada na RDC nos últimos 40 anos. Nas ocasiões anteriores, os casos foram detectados em áreas remotas ou rurais. Desta vez, a preocupação é em relação à ocorrência do vírus em Mbandaka, uma área urbana com mais de 1 milhão de habitantes, situada às margens do rio Congo.

A estratégia atual é manter o foco no combate à doença seguindo seis pilares básicos: tratamento precoce e isolamento de pessoas com sintomas; detecção e acompanhamento dos que mantiveram contato com pacientes; disseminação de informações sobre a doença, como preveni-la e onde buscar tratamento; apoiar a estrutura de saúde local existente; adaptar temporariamente práticas funerárias, evitando contato com cadáveres; buscar ativamente novos casos com ação em campo de agentes de saúde.

Um dos instrumentos usados no combate à epidemia tem sido a aplicação voluntária de uma vacina em pessoas com maior risco de infecção. A estratégia tem sido formar um “anel” de imunização, vacinando contatos primários e secundários de pessoas que foram confirmadas com Ebola, com o objetivo de criar uma “zona de proteção” para evitar a propagação da doença. A vacina também está sendo oferecida para profissionais de saúde que estão na linha de frente nos centros de tratamento de Ebola, líderes religiosos e praticantes de medicina tradicional. Até o momento, a vacina já foi aplicada em 1.737 pessoas.
 

 

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