Etiópia: MSF presta assistência médica a pessoas afetadas pela violência em Tigray

Nossas equipes observaram que muitos deslocados estão com acesso muito limitado a alimentos, água potável, abrigo e cuidados de saúde

Etiópia: MSF presta assistência médica a pessoas afetadas pela violência em Tigray

Centenas de milhares de pessoas foram forçadas a deixar suas casas na região de Tigray, no norte da Etiópia, após a eclosão de conflitos no início de novembro de 2020, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Cerca de 50 mil pessoas cruzaram a fronteira para o Sudão como refugiadas, enquanto muitas outras estão deslocadas na região, ficando em cidades, áreas remotas ou presas entre focos de combates localizados. Equipes de Médicos Sem Fronteiras (MSF) oferecem atendimento médico a algumas das pessoas mais afetadas em Tigray desde meados de dezembro.

Nas áreas em que as equipes de MSF podem acessar, dezenas de milhares de deslocados estão morando em prédios abandonados e em locais em construção em regiões no noroeste e oeste das cidades de Shire, Dansha e Humera, enquanto outros encontraram refúgio em comunidades anfitriãs no leste e sul da região. Essas pessoas têm acesso muito limitado a alimentos, água potável, abrigo e cuidados de saúde. As equipes de MSF também ouviram relatos de que muitas pessoas ainda estão escondidas nas montanhas e em áreas rurais da região.

Em alguns dos locais visitados por MSF, as linhas de energia foram cortadas, o abastecimento de água não está funcionando, as redes de telecomunicações estão bloqueadas, os bancos estão fechados e muitas pessoas têm medo de retornar aos seus locais de origem devido à insegurança constante. Muitas vezes, elas não têm como entrar em contato com seus parentes ou comprar itens essenciais para suas famílias. Algumas pessoas também estão hospedando familiares deslocados de outras partes da região, criando uma carga adicional sobre eles. Os combates eclodiram na época da colheita em uma região onde as plantações já estavam gravemente danificadas por gafanhotos do deserto, levando à escassez de alimentos. Antes do início do conflito, quase um milhão de pessoas já dependiam de ajuda humanitária. Embora as agências humanitárias e as autoridades locais estejam distribuindo alimentos em algumas áreas, ainda não é suficiente.

No sul de Tigray, equipes de MSF estão administrando clínicas móveis e reiniciaram alguns serviços em centros de saúde nas cidades de Hiwane e Adi Keyih, junto com funcionários do Ministério da Saúde. Entre 18 de dezembro e 3 de janeiro, as equipes de MSF em Hiwane e Adi Keyih forneceram 1.498 consultas médicas.

No leste de Tigray, MSF está apoiando o hospital em Adigrat, a segunda cidade da região. Quando uma equipe de MSF chegou à cidade no dia 19 de dezembro, eles descobriram que o hospital, que atendia a uma população de mais de um milhão de pessoas, havia parado de funcionar parcialmente. Dada a urgência da situação, MSF enviou cilindros de oxigênio e alimentos para os pacientes e seus cuidadores em Mekele, 120 quilômetros ao sul, e encaminhou os pacientes para o hospital Afder, na capital da região. Desde 23 de dezembro, as equipes médicas de MSF administram o pronto-socorro do hospital, bem como as alas médica, cirúrgica, pediátrica e maternidade. As equipes também oferecem atendimento ambulatorial para crianças com menos de cinco anos. No total, MSF recebeu 760 pacientes no pronto-socorro do hospital de Adigrat de 24 de dezembro a 10 de janeiro.

No centro de Tigray, no extremo oeste das cidades de Adwa, Axum e Shire, as equipes de MSF estão oferecendo cuidados básicos de saúde a alguns dos deslocados e apoiando instalações de saúde que carecem de suprimentos essenciais como medicamentos, oxigênio e alimentos para os pacientes. As equipes de MSF estimam que entre três e quatro milhões de pessoas no centro de Tigray não têm acesso a cuidados básicos de saúde.

Nas cidades do Mai Kadra e Humera, a oeste, MSF deu apoio a alguns centros de saúde e prestou assistência a até 2 mil deslocados internos, oferecendo serviços médicos, fornecimento de água, saneamento, produtos de higiene e construindo latrinas de emergência. A maioria das pessoas deslocadas internamente não está mais lá.

 

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