G7 não avança no tema de migrações e dificulta resgate no Mediterrâneo

G7 não avança no tema de migrações e dificulta resgate no Mediterrâneo

Os quase 1.500 refugiados e migrantes resgatados há quatro dias no Mediterrâneo central pela equipe do navio Prudence, da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), desembarcaram finalmente no porto de Nápoles, na Itália. A capacidade do Prudence é de 600 passageiros, mas a equipe do navio esperou em vão que outra embarcação de resgate aparecesse para acolher parte das 1.449 pessoas resgatadas na quinta-feira 25 de maio, em 14 operações separadas que duraram 10 horas ininterruptas.

Em geral os migrantes e refugiados resgatados enquanto tentam fazer a travessia entre a Líbia e a Itália são levados para portos da Sicília, mas esses portos foram fechados no fim de semana devido à cúpula do G7, realizada na cidade siciliana de Taormina. Com isso, após esperar horas por uma autorização para atracar, o navio Prudence se viu obrigado a fazer a viagem de 48 horas adicionais até Nápoles. O desembarque durou horas e só foi finalizado na tarde de hoje.

Migrantes e refugiados viajam em botes de borracha e outras embarcações precárias nas rotas do Mediterrâneo. Apenas neste ano, 1.530 pessoas morreram nessa travessia, segundo estimativa da Organização Internacional para Migrações (OIM).

Enquanto isso, o encontro do G7 – que reúne Estados Unidos, Alemanha, Japão, Canadá, França, Itália e Reino Unido, mais a União Europeia – terminou com resultados decepcionantes no que diz respeito às políticas de migração e ao acesso a medicamentos. “A falha da cúpula do G7 na Sicília vai apenas causar mais sofrimento, aumentar as mortes no mar, perpetuar as terríveis condições de recepção para migrantes e refugiados e justificar negociações desumanas que terceirizam a migração para países inseguros. Isso acontece diante dos olhos do mundo inteiro, sem respeito algum aos direitos humanos e princípios básicos do humanitarismo”, disse Gabriele Eminente, diretora geral de MSF Itália.    

O resgate da última quinta-feira ocorreu dois dias depois de MSF denunciar a abordagem arbitrária da guarda costeira líbia a um bote de migrantes e refugiados no Mediterrâneo. Na ocasião, foram disparados tiros para o alto, pertences dos migrantes foram confiscados e pessoas caíram no mar. Apesar do caos, no dia 23 de maio MSF e a ONG Méditerranée conseguiram resgatar 1.004 pessoas em seu barco conjunto, o Aquarius, incluindo um bebê de duas semanas de vida.

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