Gaza: cessar-fogo de duas semanas não é o suficiente para atender às imensas necessidades humanitárias

Conselho de Segurança da ONU aprovou resolução por cessar-fogo em Gaza durante o mês do Ramadã.

Construções destruídas em Gaza. Dezembro de 2023. © MSF

Depois de mais de cinco meses, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) finalmente aprovou, nesta segunda-feira, 25 de março, uma resolução apelando por um cessar-fogo imediato do conflito em Gaza durante o mês do Ramadã, que termina em 9 de abril.

A resolução foi aprovada com 14 votos a favor. Os Estados Unidos – que vetaram várias resoluções de cessar-fogo – abstiveram-se na votação desta segunda-feira, tornando possível a aprovação. A resolução também apela pela libertação imediata e incondicional dos reféns e “à necessidade urgente de expandir o fluxo” de ajuda humanitária para Gaza.

Avril Benoît, diretora-executiva de Médicos Sem Fronteiras (MSF) Estados Unidos, declarou:

“Após meses de atraso e com um custo imenso para os mais de dois milhões de civis que vivem em Gaza, o Conselho de Segurança da ONU adotou finalmente uma resolução exigindo um cessar-fogo imediato durante o mês do Ramadã. Este é um passo construtivo que deve ser seguido de ação, mas um cessar-fogo de duas semanas não é tempo suficiente para responder às esmagadoras necessidades humanitárias. Repetimos agora a nossa exigência urgente de um cessar-fogo sustentado.”

“Entretanto, os integrantes do Conselho devem garantir que o cessar-fogo seja posto em ação imediatamente e não acabe por ser apenas palavras no papel.”

“Já vimos duas resoluções do Conselho de Segurança (2712 e 2720) focadas na emergência humanitária em Gaza serem amplamente ignoradas pelo governo de Israel. Os integrantes do Conselho, individualmente e como um coletivo, devem garantir que as partes cumpram as disposições da resolução.”

“A proteção dos civis e das infraestruturas civis, juntamente com o acesso humanitário, não pode ser condicionada a qualquer outra questão. Os membros do Conselho devem aproveitar esta oportunidade para pôr fim à punição coletiva dos civis de Gaza.”

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“Mesmo quando os integrantes do Conselho votaram a favor desta resolução crucial, os militares israelenses continuaram os ataques a civis, aos hospitais e a sua obstrução ao acesso humanitário. Os hospitais que foram colocados novamente em funcionamento estão mais uma vez sob ataque, e a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA, na sigla em inglês) – o principal fornecedor e administrador da assistência humanitária em Gaza – continua a ter seu financiamento reduzido e as operações restringidas.”

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