Grécia: cresce número de refugiados despejados e vivendo nas ruas de Atenas

MSF solicita que o governo grego e a União Europeia encontrem soluções dignas para os campos superlotados do país

Grécia: cresce número de refugiados despejados e vivendo nas ruas de Atenas

Um número crescente de refugiados, com graves condições de saúde, está sendo ameaçado de despejo de suas acomodações na Grécia. Também são impedidos de receber dinheiro e são deixados nas ruas sem acesso a abrigo, proteção ou assistência médica adequada. 

Procurando uma solução rápida para descongestionar os campos superlotados nas ilhas gregas, o governo começou a despejar de suas acomodações mais de 11 mil beneficiários de proteção internacional.

MSF está pedindo ao governo grego que suspenda os despejos de vulneráveis, incluindo sobreviventes de violência sexual, tortura e maus-tratos, idosos e pessoas com doenças crônicas, e que amplie os programas de apoio existentes.  Em junho deste ano, o Ministério da Migração e Asilo da Grécia prometeu reduzir em até 30% os gastos com o programa de habitação para solicitantes de asilo. Mas, o governo grego recebeu fundos da União Europeia (UE), em fevereiro, para ampliar o regime de estadia no continente. No entanto, até agora nenhuma acomodação extra foi disponibilizada.

“Temos pacientes com graves condições médicas que estão sendo abandonados, enquanto mulheres em estágio avançado de gravidez estão dormindo na Victoria Square, no centro de Atenas”, diz Marine Berthet, coordenadora médica de MSF na Grécia. “No meio de uma pandemia global, os governos devem proteger e abrigar as pessoas com alto risco de desenvolver formas graves de COVID-19, não jogá-las nas ruas e deixá-las sem proteção, abrigo ou acesso à saúde básica”.

Em junho, uma paciente extremamente vulnerável de MSF morreu de parada cardíaca logo após ser ameaçada de despejo.

“Nossa paciente que morreu era paraplégica e apresentava várias condições médicas graves, incluindo diabetes e doenças cardiovasculares. No entanto, havia sido ameaçada de despejo em várias ocasiões”, diz Berthet. “Sob o medo de perder a casa, sua família a mudou para o campo de Schisto, onde seu filho estava vivendo em um contêiner com outras 12 pessoas. Dois dias depois da mudança, ela sofreu uma parada cardíaca e morreu”.

Pelo menos 30 outros pacientes de MSF com condições médicas graves foram despejados ou notificados do despejo e agora enfrentam a perspectiva de ficarem sem-teto e de terem a assistência financeira suspensa.

“O caso da mulher que morreu é apenas a ponta do iceberg”, diz Berthet. “Temos pacientes com câncer, sobreviventes de tortura, mães solteiras com doenças crônicas e mulheres grávidas que são orientadas a dormir a céu aberto, sem nenhum apoio”.

Muitos pacientes de MSF com doenças crônicas graves tiveram seus pertences removidos de suas acomodações e foram informados de que deveriam sair, sem qualquer indicação para onde ir. Dezenas de outros pacientes foram notificados de que devem sair, ao mesmo tempo em que a assistência em dinheiro foi interrompida. Enquanto isso, as praças da cidade estão se enchendo de refugiados, incluindo crianças, mulheres grávidas, recém-nascidos, pessoas com graves condições crônicas e sobreviventes de tortura e violência sexual.

Em resposta ao número crescente de refugiados que dormem nas ruas no entorno da Victoria Square, em Atenas, MSF está encaminhando os mais necessitados de assistência médica a um abrigo na cidade, já que cuidados básicos não estão sendo atendidos.

MSF apela urgentemente ao governo grego, à UE e às organizações envolvidas no fornecimento de abrigo que encontrem soluções imediatas de acomodação para todos os refugiados que dormem nas ruas de Atenas e para interromper os despejos até que todas as barreiras administrativas à integração e acesso à saúde sejam suspensas. 

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