Grécia: situação degradante para solicitantes de asilo em Lesbos

Novo relatório de MSF aponta limitações da proteção e dos cuidados médicos fornecidos aos solicitantes de asilo na Grécia

Grécia: situação degradante para solicitantes de asilo em Lesbos

A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) publicou um novo relatório hoje, que destaca a drástica deterioração dos cuidados e proteção oferecidos a pessoas vulneráveis em Lesbos, que fugiram da violência e de guerras na Síria, no Iraque, no Afeganistão e outros lugares.

 “Pessoas vulneráveis estão sofrendo sem serem adequadamente identificadas e tratadas”, diz Emille Rouvroy, coordenadora-geral de MSF.

O relatório A dramatic deterioration for asylum seekers on Lesbos (Uma deterioração dramática para solicitantes de asilo em Lesbos, na tradução livre para o português) se baseia em dados médicos de MSF e depoimentos de pacientes. O documento descreve os cortes drásticos feitos recentemente na provisão de saúde na ilha, que também foram acompanhados por reduções na assistência legal, além do fechamento de abrigos e outros serviços essenciais.

 “O número de pessoas chegando às ilhas entre abril e julho de 2017 foi quatro vezes maior, enquanto a capacidade de agentes médicos de identificar pessoas vulneráveis foi drasticamente reduzida”, explica Rouvroy. MSF faz um apelo para que a provisão de cuidados de saúde seja ampliada nas ilhas.

Os dados revelam a real vulnerabilidade de solicitantes de asilo em Lesbos – com 80% das avaliações de saúde mental estando dentro dos critérios de gravidade de MSF. Dois terços dos pacientes de saúde mental de MSF foram vítimas de violência antes de chegar à Grécia; um quinto sofreu tortura; cerca da metade das mulheres atendidas por MSF para exames ginecológicos foram vítimas de violências sexual.

Recém-chegados estão se acomodando no acampamento de refugiados de Moria, em Lesbos, expostos a temperaturas elevadas. Eles são negligenciados e as tensões são altas, com episódios esporádicos de violência. “Suas difíceis condições de vida, o sistema jurídico complicado e os grandes problemas de saúde são agravados ainda pela perda de familiares, amigos, da casa e pela violência da jornada que muitos desses refugiados tiveram de enfrentar”. Diz Louise Roland-Gosselin, assessora de Advocacy de MSF, que analisou os dados do projeto. “O alerta está ligado agora”.
 

Para ler o relatório, em inglês, clique aqui.

 

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