Iraque: MSF transfere atividades médicas no Hospital Geral de Sinuni, distrito de Sinjar

Após cinco anos trabalhando para restaurar o acesso da população do distrito de Sinuni, na província iraquiana de Ninewa, aos serviços de saúde, Médicos Sem Fronteiras (MSF) repassou suas atividades no Hospital Geral de Sinuni à Diretoria de Saúde de Ninewa e a outro agente humanitário.

Localizada ao norte do Monte Sinjar, no noroeste da província de Ninewa, a cidade de Sinuni e os bairros vizinhos ficaram sob o controle do grupo Estado Islâmico (EI) de agosto a dezembro de 2014, quando foi cenário de atos extremos de violência, principalmente contra a comunidade yazidi. A população de Sinuni percorreu um longo caminho em sua jornada rumo à recuperação.

As equipes de MSF começaram a atuar no Hospital Geral de Sinuni em agosto de 2018. “Fomos recebidos calorosamente em Sinuni. A comunidade já nos conhecia bem, pois prestávamos serviços médicos em acampamentos de deslocados e assentamentos informais onde as pessoas da comunidade haviam se abrigado na região do Curdistão”, diz Baroj Hussein, conselheiro da coordenação-geral de MSF no Iraque.

Quando chegamos, o hospital estava fornecendo apenas serviços básicos, com suprimentos limitados e poucas equipes médicas ou técnicas. Até mesmo os abastecimentos de água e eletricidade não estavam disponíveis regularmente.”

– Baroj Hussein, conselheiro da coordenação-geral de MSF no Iraque.

Reestabelecendo o acesso aos serviços de saúde na região

Em Sinuni, o projeto de MSF tinha como objetivo restaurar os serviços de saúde para a comunidade local e para as pessoas que retornavam à região. A iniciativa começou com a reabilitação completa do prédio do hospital e com a instalação de toda a infraestrutura necessária para o seu funcionamento. Em seguida, as equipes de MSF começaram a fornecer cuidados médicos de emergência, de maternidade e pediatria.

Após o fim da luta para retomar o distrito de Sinjar do grupo Estado Islâmico, as pessoas deslocadas começaram a voltar para suas casas. Ter um hospital em pleno funcionamento na região foi um incentivo para que elas retornassem.

As pessoas deslocadas ficaram mais confiantes em voltar para casa porque MSF estava lá, em um momento em que não havia nenhum outro serviço de maternidade disponível.”

– Khalfa Ilyas, obstetriz supervisora de MSF no Hospital Geral de Sinuni.

A maioria dos ex-moradores da região de Sinjar optou por retornar à cidade de Sinuni, porque ela estava relativamente intacta e porque a segurança foi restaurada lá mais cedo do que em qualquer outro lugar da região.

“Quando chegamos a Sinuni, no início de 2018, o lugar parecia uma cidade fantasma, apesar de algumas pessoas ter retornado”, lembra Hussein. “Elas raramente saíam em público, e a vida parecia ter parado. A população não tinha acesso a nada, pois as empresas e os serviços não foram restaurados”, completa.

Cuidados de saúde mental para as pessoas deslocadas pela violência

Muitos membros da comunidade yazidi sofreram um imenso trauma psicológico durante o período em que a região esteve sob o controle do Estado Islâmico e durante o deslocamento. Reconhecendo que as pessoas na cidade precisavam de mais do que tratamento para dores físicas, MSF introduziu serviços abrangentes de saúde mental. Ao oferecer aconselhamento, apoio psicológico e cuidados psiquiátricos, os profissionais de MSF trataram dessas feridas invisíveis.

Essas atividades foram realizadas tanto no hospital quanto na comunidade, com as equipes de promoção de saúde de MSF aumentando a conscientização sobre a saúde mental e garantindo que a população local soubesse como acessar esses serviços.

Resposta de MSF durante a pandemia da COVID-19

Durante a pandemia de COVID-19 em 2022, MSF expandiu sua atuação montando uma unidade de isolamento com sete leitos para tratar pacientes com formas leves e moderadas da doença, e para ajudar a impedir a propagação do vírus, além de disponibilizar suprimentos essenciais.

“MSF entrou em cena quando a comunidade não tinha nada”, lembra Elias Musa Ali, membro da comunidade e ex-segurança de MSF. “Durante os dias mais sombrios da pandemia de COVID-19, quando os materiais de proteção individual tão necessários eram escassos, MSF entrou em cena com suprimentos vitais. O apoio integral fornecido por MSF deixou uma marca permanente em Sinuni.”

Ao longo de seus cinco anos em Sinuni, as equipes de MSF também se concentraram em compartilhar sua experiência, e investir no treinamento e aprimoramento das habilidades dos profissionais de saúde locais.

Abaixo, veja as atividades realizadas por MSF em Sinuni ao longo de cinco anos:

“O que distingue a comunidade de Sinuni é sua notável capacidade de desenvolvimento e sua determinação em encontrar soluções”, disse Jana Wessendorf, coordenadora de projeto de MSF em Sinuni. “Sem sua acolhida e estreita cooperação, teria sido muito difícil para nós termos sucesso. Estou confiante de que eles podem completar a jornada, mesmo quando confrontados com desafios e obstáculos nessa região complexa. Essa é uma comunidade resiliente e cheia de esperança.”

Repasse de atividades após recuperação da capacidade das instalações de saúde locais

Após a recuperação das capacidades do hospital e da equipe, com o apoio de MSF, reconhecendo a importância da sustentabilidade e da apropriação local, em setembro de 2021, MSF entregou os departamentos de maternidade e pediatria à Diretoria de Saúde de Ninewa, enquanto continuava fornecendo apoio logístico.

Em janeiro de 2023, MSF tomou a decisão de transferir todas as suas responsabilidades restantes para as autoridades de saúde locais. Essa decisão ressalta os princípios fundamentais de MSF como uma organização de resposta a emergências, focada em atender às necessidades agudas após uma crise e restaurar os serviços de saúde.

No final de outubro de 2023, as equipes de MSF entregaram os serviços de saúde mental à Organização Internacional para as Migrações (OIM), das Nações Unidas, enquanto o restante das atividades de MSF foi entregue à Diretoria de Saúde de Ninewa.

 Linha do tempo das atividades de MSF em Sinuni