Kunduz: um ano depois

Kunduz: um ano depois

Há um ano, no dia 3 de outubro de 2015, o centro de trauma de Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Kunduz, no Afeganistão, era alvo de um ataque aéreo mortal realizado por militares dos Estados Unidos. O hospital foi parcialmente destruído e 42 pessoas foram mortas: 14 de nossos colegas, 24 de nossos pacientes e 4 de seus acompanhantes. Outras 37 pessoas foram feridas; algumas delas, deixadas com sequelas permanentes. Além das perdas diretas, o ataque privou cerca de 300 mil pessoas do acesso a cuidados de trauma vitais – o hospital de MSF em Kunduz era a única instalação do tipo em toda a região nordeste do Afeganistão.  Enquanto funcionou, de 2011 a outubro de 2015, o centro de trauma realizou mais de 15 mil cirurgias e atendeu na emergência mais de 68 mil pacientes. MSF fez um apelo por uma investigação independente e imparcial sobre o ataque, mas, até hoje, o pedido não foi atendido.

Desde o ataque em Kunduz, dezenas de hospitais mantidos ou apoiados por MSF foram atingidos por bombardeios ou fogo de artilharia. Só neste ano, foram ao menos 21 clínicas e hospitais atingidos – 19 na Síria e 2 no Iêmen, alguns deles mais de uma vez. MSF tem condenado fortemente essa violação inaceitável do direito internacional humanitário – as leis que regem a conduta na guerra e determinam a proteção de civis, da infraestrutura civil e dos profissionais humanitários, incluindo instalações médicas, pessoal de saúde e pacientes. Não é possível aceitar que o medo e a violência impeçam doentes e feridos de buscar cuidados médicos em hospitais e clínicas nos quais deveriam se sentir confortados e protegidos.     

Veja o depoimento de Faizullah, arquivista do centro de trauma de Kunduz e sobrevivente do ataque:

Veja abaixo a história do centro de trauma de Kunduz e a cronologia do bombardeio:


 

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