Marcas da guerra civil na Síria: “Eu não tenho mais ninguém em Idlib””

Após ter marido sequestrado, refugiada síria tentou a vida na Turquia com seus sete filhos, mas a falta de recursos fez com que almejasse um futuro digno na Europa

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Umm Ahmad, de 46 anos, é de Idlib, na Síria, e tem sete filhos. O mais novo deles tem apenas dois anos. Ela não sabe onde está seu marido. “Provavelmente, ele está morto. Mas eu espero que não”, disse ela. Seu marido enfrentou um membro da Frente Al-Nusra – filiação da Al-Qaeda na Síria – quando o homem tentou assaltá-lo. O marido de Umm Ahmad foi sequestrado pela Al-Nusra, e não se tem notícias dele desde então.

“Desde esse evento, eu tenho me sentido fraca e vulnerável. Com o regime de ataques aéreos e de lançamentos de bombas de barril aumentando, um membro da Frente Al-Nusra tentou me forçar a casar com ele. Ele me disse que meu marido estava morto”, disse ela, aterrorizada com o futuro e desesperada por uma solução. “Eu não me importo com os meus pertences e não tenho mais ninguém em Idlib”, acrescentou.

No último mês de abril, ela se mudou com seus filhos para Reyhanli, na Turquia, em busca de uma vida melhor, mas não deu certo. “Tudo aqui é caro. Sem uma renda fixa ou qualquer assistência nós não conseguimos sobreviver. A única ajuda que recebi aqui é de instituições de caridade”, conta.

“Eu quero fazer a viagem para a Alemanha como outros sírios, mas ainda faltam 6 mil dólares para pagar os traficantes. Minha irmã prometeu me enviar o dinheiro há três meses.”

Os dois irmãos de Umm Ahmad foram mortos na guerra civil síria em 2013. “Eu queria que eles estivessem aqui comigo”, disse ela, que ainda espera pelo dinheiro para ser transferida por seus parentes na Arábia Saudita e está vivendo em um apartamento que custa 400 dólares por mês. Suas economias estão acabando rapidamente.

“A coisa mais difícil na vida é quando as coisas começam a se tornar um jogo de espera, nada mais do que isso, e você precisa colocar todas as suas esperanças em um barco. Estou sonhando com a Alemanha, onde meus filhos e eu estaremos seguros, e onde eles poderão ir à escola longe de ataques aéreos e abusos de jihadistas”, desabafa Umm Ahmad.

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