Marrocos: três semanas após o terremoto, MSF se concentra em apoio de saúde mental

Cinco equipes de MSF avaliaram 30 locais atingidos pelo terremoto para entender as principais necessidades da população.

Imagem da cidade de Talat Nyakoub, a 95 km de Marraquexe. ©MSF/Freddy Liesner

Em 8 de setembro de 2023, um terremoto de magnitude 6,8 atingiu a região central do Marrocos, matando 2.862 pessoas e deixando cerca de 6 mil feridos[1]. O terremoto atingiu principalmente a região rural das Montanhas do Alto Atlas, onde houve deslizamentos de terra, colapsos, estradas rompidas ou de difícil acesso. O terremoto tornou ainda mais desafiador o acesso a vilarejos rurais e remotos nessa região.

Logo após a tragédia, no dia 9 de setembro, Médicos Sem Fronteiras (MSF) enviou equipes de emergência para avaliar a situação médica e humanitária nas áreas mais afetadas, nas províncias de Al Haouz, Taroudant e Chichaoua. Cinco equipes de MSF avaliaram 30 locais no total.

“Vimos vilarejos inteiros destruídos, estradas desmoronando e eletricidade cortada.”

– Fouzia Bara, enfermeira de MSF.

A resposta geral das autoridades marroquinas, dos parceiros bilaterais e da população marroquina foi notável. Houve uma rápida mobilização para os planos de resposta emergencial do Ministério da Saúde, das forças armadas e da defesa civil do Marrocos. A instalação de postos médicos avançados, hospitais de campanha e capacidade de encaminhamento de pacientes foram fundamentais para garantir uma resposta médica e humanitária urgente em tempo hábil.


Fouzia Bara, enfermeira de MSF no Marrocos após terremoto. ©MSF

“Vimos vilarejos inteiros destruídos, estradas desmoronando e eletricidade cortada. Apesar disso, as autoridades marroquinas, com o apoio de alguns estados, conseguiram retirar as pessoas de debaixo dos escombros, tratar os feridos, usar helicópteros para transportar os pacientes de áreas mais remotas e distribuir alimentos e outros materiais para as pessoas afetadas”, disse Fouzia Bara, enfermeira de MSF que fez parte das primeiras equipes da organização no Marrocos.

 

Avaliação das necessidades para apoio de MSF

Nossas equipes acompanharam a abrangência da resposta do governo marroquino e encontraram pouquíssimas lacunas na resposta de emergência. Além da avaliação, as equipes de MSF fizeram seis doações em resposta a necessidades específicas, expressas na época por centros de saúde ou hospitais, entre 12 e 17 de setembro.

Essas doações específicas foram coordenadas com as autoridades marroquinas. Elas continham equipamentos médicos e medicamentos, como remédios injetáveis, analgésicos, antibióticos e insulina.

A cidade de Talat Nyakoub, a 95 km de Marraquexe, foi severamente afetada pelo terremoto. © MSF/Freddy Liesner

As pessoas mais severamente afetadas por essa crise precisam urgentemente de apoio psicológico, incluindo profissionais das equipes de busca e resgate e voluntários da linha de frente. Em todos os locais onde realizamos as avaliações das necessidades, as equipes de MSF conversaram com dezenas de pessoas em sofrimento em áreas altamente afetadas pelo terremoto. A maioria havia perdido parentes e amigos ou visto suas casas e vilarejos serem destruídos. Algumas ainda estavam esperando que os corpos de seus entes queridos fossem recuperados, conscientes de que já não era possível resgatá-los com vida.

 

 

“Forneceremos atividades de saúde mental e apoio psicológico de primeiros socorros às organizações locais, às pessoas afetadas e aos trabalhadores da linha de frente, principalmente por meio das redes de psicólogos marroquinos, assistentes sociais, promotores de saúde e voluntários que foram mobilizados desde os primeiros dias”, diz Bara.

“A primeira ajuda psicológica é fundamental para reforçar os mecanismos de enfrentamento e conectar as pessoas aos serviços existentes.”

– Fouzia Bara, enfermeira de MSF.

As principais atividades de MSF consistirão em oferecer apoio psicológico às pessoas afetadas pelo terremoto e aos voluntários da linha de frente, apoiar as equipes médicas e paramédicas do Ministério da Saúde do Marrocos, realizar campanhas de promoção de saúde e saúde mental e treinar e apoiar grupos locais em primeiros socorros psicológicos.

 

MSF começou a trabalhar no Marrocos em 1997 para oferecer cuidados às comunidades excluídas da assistência médica em Rabat, Casablanca e Tânger.

Nossos programas se concentraram em aumentar o acesso à saúde materna e sexual. No início dos anos 2000, começamos a oferecer apoio aos migrantes que chegavam ao Marrocos, visitando albergues onde as pessoas se hospedavam e oferecendo consultas ambulatoriais e encaminhamentos por meio de clínicas móveis.

Em 2010, MSF prestou assistência a migrantes feridos durante invasões e expulsões em massa pela força policial marroquina. Em 2013, entregamos nossos projetos a organizações locais de saúde e direitos humanos.

 

[1] Fonte dos dados: Ministério da Saúde do Marrocos, última atualização em 13 de setembro.

 

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