Mianmar: atividades médicas durante a crise

Situação política agrava o acesso de populações vulneráveis à saúde no país

Mianmar: atividades médicas durante a crise

As equipes de Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Mianmar têm trabalhado intensamente para continuar provendo assistência médica a algumas das pessoas mais vulneráveis. Desde o início da crise, preparamos nossa equipe de emergência para que pudéssemos agir quando as demandas médicas locais sobrecarregassem a capacidade de resposta do país.

O dia 28 de fevereiro foi um dos mais violentos em Mianmar desde o início do recente golpe militar, com pelo menos 18 mortes relatadas (até o dia 5/3). No mesmo dia e no dia seguinte, a equipe de preparação para emergências (E-Prep) de MSF começou a atuar em Yangon para avaliar as necessidades nas áreas onde há protestos. A E-Prep é composta por médicos e conselheiros que fornecem suporte e doações de suprimentos para instalações médicas locais durante tempos de crise.
 
Nossas clínicas em Lashio receberam e trataram quatro vítimas com ferimentos leves devido aos protestos. Dawei, no sudeste de Mianmar, também viu confrontos violentos e vítimas nos últimos dias. As equipes de MSF têm como objetivo apoiar iniciativas comunitárias com doações de suprimentos médicos e kits de primeiros socorros, além de reforçar as medidas para lidar com influxo de feridos e vítimas. As equipes de MSF também querem garantir que o atendimento aos nossos pacientes com HIV não seja suspenso como resultado de interrupções mais amplas nos serviços públicos de saúde.

Estamos vendo um número crescente de pessoas HIV-positivo do Programa Nacional de AIDS (NAP) do Ministério da Saúde e Esportes retornando às clínicas de MSF, onde foram tratados primeiramente, antes que o programa fosse repassado às autoridades de saúde no último ano, para receber medicamentos e realizar consultas médicas. Também temos novos pacientes chegando em nossas clínicas, pois atualmente o NAP não está funcionando. Além disso, como muitos dos hospitais públicos em Mianmar estão fechados, temos dificuldade em encaminhar pacientes a hospitais maiores para tratamento especializado.

Estamos cientes dos efeitos do golpe sobre nossa equipe e pacientes e estamos fazendo o que podemos para minimizar os riscos e problemas de acesso à saúde que surgiram como resultado. Enquanto nossas atividades em Rakhine estão em andamento, a população rohingya, especialmente aqueles que vivem em locais de deslocamento, permanece particularmente vulnerável a interrupções nos serviços médicos, tendo sofrido décadas de abandono, discriminação, violência e perseguição.

Ressaltamos que em todas as circunstâncias e independentemente de idade, religião ou afiliação política, nossa prioridade é a prestação de cuidados aos nossos pacientes. Continuaremos dando atendimento médico imparcial às pessoas mais vulneráveis, da melhor maneira que pudermos e enquanto o acesso e as circunstâncias ainda o permitirem.

 

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