Mpox: MSF reconhece declaração da OMS de emergência de saúde pública global

Organização pede ações concretas para melhorar acesso e uso de vacinas em países onde a doença é endêmica

Atividade de promoção de saúde de MSF para conscientização sobre a mpox para pessoas deslocadas internamente que vivem em Kanyaruchinya, na República Democrática do Congo. © MSF

Em 13 de agosto de 2024, a agência de saúde da União Africana (Africa CDC) declarou o surto de mpox (doença também conhecida como varíola dos macacos) como uma Emergência de Saúde Pública de Segurança Continental. Médicos Sem Fronteiras (MSF) reconhece a declaração e fica aliviada com o fato de a Organização Mundial da Saúde (OMS) também ter declarado, em 14 de agosto, o aumento dos casos de mpox na República Democrática do Congo (RDC) e em um número crescente de países africanos como uma emergência de saúde pública de interesse global.

• Saiba mais: Cinco perguntas e respostas sobre o surto de mpox na RDC

MSF apoia fortemente o apelo da OMS às instituições doadoras para que disponibilizem os fundos necessários para uma resposta abrangente e coordenada ao surto em andamento, cobrindo todos os componentes de uma ação para conter a epidemia, incluindo vigilância, capacitação laboratorial, conscientização e engajamento comunitários e garantia do acesso das pessoas a tratamentos, vacinas e diagnósticos.

A disponibilidade extremamente limitada de vacinas contra a mpox na República Democrática do Congo já reduziu drasticamente o alcance do plano estratégico nacional de vacinação contra a doença.”
– Justin B. Eyong, coordenador epidemiológico interseccional de MSF na RDC.

Embora todos os elementos de uma resposta a surtos sejam necessários, o acesso e o uso de vacinas existentes podem ser drasticamente melhorados com as seguintes ações:

• A OMS deve acelerar o Procedimento de Listagem de Uso de Emergência das duas vacinas para mpox já aprovadas pelas autoridades reguladoras nacionais. O procedimento incentivará os fabricantes a aumentar a produção dos imunizantes contra a mpox e permitirá que a Gavi, The Vaccine Alliance (em tradução livre, “a aliança das vacinas”) e o UNICEF adquiram esses imunizantes para distribuição.

De acordo com Jean Kaseya, diretor-geral do Africa CDC, estima-se que pelo menos 10 milhões de doses de vacinas contra a mpox serão necessárias para responder à epidemia em curso. Diante desse cenário, os países que possuem estoques substanciais de vacinas MVA-BN*, e que não estão enfrentando um surto ativo, devem doar o maior número possível de doses para os países afetados na África.

• Todas as partes relevantes precisam encontrar um arranjo legal para qualquer compensação que decorra do uso da vacina MVA-BN em crianças e adolescentes durante esta epidemia, como um plano de compensação. O uso pediátrico do imunizante MVA-BN foi recomendado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos durante o surto de mpox de 2022 e pelo Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização (SAGE) da OMS entre crianças com alto risco de contrair a doença.

• O preço atual da vacina MVA-BN está fora do alcance da maioria dos países de baixa e média renda onde a mpox é endêmica ou onde está se espalhando atualmente. A Bavarian Nordic, empresa de biotecnologia que fabrica o imunizante MVA-BN, precisa rever sua política de preços e buscar urgentemente uma parceria com um dos fabricantes de vacinas emergentes na África para uma transferência de tecnologia completa e em tempo hábil. Com isso, será possível a produção de uma vacina que proteja contra uma doença endêmica em países da África no próprio continente africano.

Área de triagem de pacientes no hospital geral de referência de Budjala. MSF também enviou uma equipe para a região de Budjala, no sul de Ubangi, para apoiar as autoridades de saúde na resposta contra a mpox. República Democrática do Congo. © MSF

“A disponibilidade extremamente limitada de vacinas contra a mpox na República Democrática do Congo já reduziu drasticamente o alcance do plano estratégico nacional de vacinação contra a doença”, alerta Justin B. Eyong, coordenador epidemiológico interseccional de MSF na RDC.

“Isso significa que, sem um melhor acesso às vacinas, milhares de pessoas – incluindo crianças menores de 15 anos, que são particularmente afetadas pela mpox (representando 56% e 79% de todos os casos e mortes por varíola em 2024, respectivamente), podem ficar desprotegidas. Com o surto da doença na República Democrática do Congo evoluindo rapidamente, a situação é urgente. Todas as medidas necessárias para levar as vacinas aos adultos e às crianças que precisam dos imunizantes agora devem ser tomadas”, explica Justin B. Eyong.

*A vacina MVA-BN é o único imunizante contra a mpox aprovado pela Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, e pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA).

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