MSF entrega petição sobre vacina pneumocócica

Quase 400 mil pessoas se juntaram à organização para pedir à Pfizer e à GSK que reduzam o preço da vacina pneumocócica para US$5 por criança

MSF entrega petição sobre vacina pneumocócica

Nova York, 27 de abril de 2016 – Na véspera da reunião anual de acionistas da Pfizer, a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) entregou na sede da empresa farmacêutica os nomes de quase 400 mil pessoas que assinaram a petição pedindo à Pfizer e à GlaxoSmithKline (GSK) que reduzam o preço da vacina pneumocócica para US$5 por criança em todos os países em desenvolvimento e para organizações humanitárias. Apesar de haver uma vacina que pode preveni-la, a pneumonia continua sendo a principal causa global de mortalidade infantil em muitos países em desenvolvimento, tirando a vida de quase um milhão de crianças por ano.

“Milhões de bebês e crianças pequenas ao redor do mundo são deixados desprotegidos contra a pneumonia porque a Pfizer e a GSK cobram preços tão altos pela vacina pneumocócica que muitos governos e organizações humanitárias não conseguem pagar para vacinar crianças”, disse o Dr. Greg Elder, coordenador médico da Campanha de Acesso a Medicamentos de MSF. “Após arrecadarem juntas mais de US$30 bilhões somente com vendas da vacina pneumocócica, nós achamos que é bastante seguro dizer que a Pfizer e a GSK têm condições de baixar o preço para que todos os países em desenvolvimento possam proteger suas crianças desse algoz da infância.”

MSF entregou a petição durante um protesto do lado de fora da sede mundial da Pfizer em Nova York, nos Estados Unidos, onde dezenas de pessoas colocaram flores na porta da empresa. Cada flor correspondia a uma criança morta por dia pela pneumonia, resultando em 2.500 flores empilhadas na frente da entrada principal da Pfizer. Resmas de papel com os nomes das quase 400 mil pessoas de 170 países que assinaram a petição de MSF, denominada “Uma dose justa”, foram postas em um berço vazio. A petição faz um apelo às duas empresas que produzem a vacina pneumocócica para que reduzam seu preço para US$ 5 pelas três doses necessárias para imunizar uma criança. Com a Pfizer tendo arrecadado mais de US$6 bilhões em vendas da vacina apenas no ano passado, os signatários da petição enviam um forte sinal ao presidente executivo, ao conselho e aos acionistas da Pfizer de que a empresa não deveria sobrepor bilhões de dólares de lucro à vida de crianças.

No ano passado, 193 governos reunidos na assembleia anual da Organização Mundial da Saúde aprovaram por unanimidade uma resolução exigindo vacinas a preços mais acessíveis e maior transparência a respeito dos valores das vacinas. Mais de 50 governos ressaltaram as crescentes desigualdades entre países provocadas pelo aumento dos encargos financeiros trazidos pelas novas vacinas, com muitos deles afirmando que o alto custo das novas vacinas, como a pneumocócica, os impediu de introduzi-las ou pôs em risco sua capacidade de mantê-las em seus programas regulares de vacinação. Países como Argélia, Bósnia, Egito, Indonésia, Jordânia, Tailândia, e Tunísia, entre outros, afirmaram que não são capazes de introduzir a vacina contra a pneumonia por causa do seu alto preço.

MSF vacinou crianças com a vacina pneumocócica em meio a emergências na República Centro-Africana, na Etiópia, no Sudão do Sul, em Uganda e outros países. Após mais de cinco anos lutando para que a Pfizer e a GSK vendessem a vacina para MSF a um preço acessível, a organização lançou no ano passado a campanha “Uma dose justa”, para pressionar as empresas a reduzir o preço da vacina pneumocócica para US$5 por criança.

Em 2015, MSF divulgou o relatório “A dose certa: derrubando barreiras para vacinas acessíveis e adaptadas”, que demonstrou que, nos países mais pobres, o preço para vacinar uma criança é atualmente 68 vezes mais caro do que em 2001, e muitas regiões do mundo não podem arcar com os novos e altos custos das vacinas, como essa que combate a pneumonia.

“Nós temos visto muitas crianças morrendo de pneumonia, e não vamos parar até que saibamos que todos os países têm condições de pagar por essa vacina vital”, disse Elder. “É fantástico ver que mais de 370 mil pessoas no mundo inteiro se juntaram a nós para dizer à Pfizer e à GSK que elas devem reduzir o preço da vacina para que mais crianças possam ser salvas. Qual é o sentido de uma vacina que pode salvar vidas se as pessoas mais vulneráveis não podem pagar por ela?”

A cada ano, equipes de MSF vacinam milhões de pessoas, tanto em resposta a epidemias de doenças como sarampo, meningite, febre amarela e cólera quanto como atividades de imunização de rotina em projetos nos quais a organização oferece cuidados de saúde a mães e crianças. Apenas em 2014, MSF ofereceu mais de 3,9 milhões de doses de vacinas e produtos imunológicos. No passado, MSF adquiriu a vacina pneumocócica conjugada para uso em operações de emergência. MSF está ampliando o uso da vacina PCV e de outras vacinas com o objetivo específico de melhorar sua atuação em imunização de rotina, bem como de ampliar o pacote de vacinas utilizado em meio a emergências humanitárias.

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