MSF expande atividades de apoio a feridos em Gaza

Nova unidade realizará cirurgias em infecções ósseas causadas por ferimentos a bala

MSF expande atividades de apoio a feridos em Gaza

MSF inaugurou uma unidade cirúrgica em Gaza para fornecer tratamento médico avançado aos pacientes feridos durante a Grande Marcha de Retorno. Com sede no Hospital Nasser, na cidade de Khan Yunis, a unidade possui duas salas de operação dedicadas, 23 leitos e se concentrará no tratamento cirúrgico e microbiológico de infecções ósseas resultantes de feridas devastadoras causadas pelo exército israelense entre março de 2018 e dezembro de 2019. Na ocasião, 213 pessoas morreram e mais de 8.800 ficaram feridas por tiros disparados durante os protestos.

“As necessidades médicas desses pacientes ainda são enormes”, diz Christophe Garnier, coordenador do projeto de MSF. “Muitos requerem procedimentos complexos e seu tratamento geralmente leva muito tempo: meses, possivelmente anos. Alguns perderam vários centímetros de osso e grandes pedaços de carne, passaram por várias operações cirúrgicas, mas ainda são tratados com fixadores de metal e vivem sentindo dores constantes”.

Os ferimentos sofridos são tão profundos e destrutivos que os pacientes correm o risco de desenvolver infecção óssea profunda (osteomielite), que é extremamente difícil de tratar em um sistema de saúde que foi prejudicado por 13 anos de bloqueio israelense e lutas políticas. “O tipo de serviço que estamos oferecendo é bastante específico e exige muitos recursos e está disponível apenas nas instalações de MSF em Gaza no momento”, informa Garnier. “Esperamos poder fazer a diferença para esses pacientes. Sua condição física pode levar ao isolamento social, dor crônica, perda da capacidade de trabalho e relações tensas com os membros da família. O impacto dessas lesões foi forte em Gaza.”

A inauguração de uma unidade cirúrgica no Hospital Nasser, em colaboração com o Ministério da Saúde, é apenas o último passo na resposta de MSF às necessidades decorrentes dos protestos da cerca da fronteira e da violenta resposta que eles enfrentaram. Triplicamos nossa capacidade médica durante a fase de emergência em 2018 e, desde então, temos trabalhado continuamente para desenvolver ainda mais nossas atividades, à medida que os desafios aumentavam, mesmo além da duração dos próprios protestos. Mais de 4.800 pacientes feridos por arma de fogo foram tratados nas instalações de saúde de MSF. Só em 2019, MSF realizou quase 2 mil intervenções cirúrgicas.

As atividades de MSF foram desenvolvidas ao longo do ano passado para levar em consideração o bem-estar geral do paciente e a capacidade de lidar com o estresse e a ansiedade. “Organizamos sessões individuais de psicoeducação, técnicas de relaxamento ou exercícios de atenção plena para ajudá-los a aceitar sua condição”, explica Amira Karim, conselheira de MSF em Gaza. “Acima de tudo, procuramos estimular a socialização positiva e aumentar o vínculo familiar para evitar o autoisolamento”.

MSF abriu seu primeiro projeto em Gaza em 2000 e atualmente administra três unidades cirúrgicas e quatro clínicas pós-operatórias para tratar pacientes com traumas e queimaduras. Em 2018, MSF ampliou sua capacidade médica para cuidar de milhares de pessoas baleadas pelo exército israelense durante os protestos da Grande Marcha de Retorno. As equipes de MSF realizam cirurgias plásticas e ortopédicas para fechar grandes feridas causadas por projéteis e para reparar perdas e danos aos ossos.

 

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