MSF inaugura projeto para combater doença do sono na República Democrática do Congo (RDC)

Projeto irá testar novo medicamento que, se aprovado, será uma esperança para todos os pacientes que sofrem da doença do sono – uma doença transmitida pela mosca tsé-tsé e que atinge milhares de pessoas na África

Em agosto deste ano, MSF inaugurou um projeto para combater a doença do sono numa província do leste da República Democrática do Congo (RDC). Situado em Isangi, o projeto tem como objetivo reduzir o número de portadores da doença do sono na região de 6,8%, números atuais, para 0,1% nos próximos dois anos. Além disso, o projeto irá incluir o teste clínico de um novo medicamento que, se for aprovado, pode melhorar significativamente o tratamento para as pessoas que vivem com a doença do sono em todo o mundo.

A doença do sono, também conhecida como Tripanossomíase Africana, é causada por um parasita transmitido pelas moscas tsé-tsé infectadas por ele. É uma doença fatal, se não for tratada. “O período de incubação é de até 21 dias, e pode levar dois anos até que o parasita atinja o cérebro”, explica Mieke Steenssens, coordenador de saúde de MSF. “O sintoma clássico é que o paciente fica obsessivo durante a noite e sonolento de dia, daí o nome da doença. Muitas vezes o paciente entra em coma e morre”.

A extensão da doença na região de Isangi foi descoberta durante uma intervenção de emergência realizada por MSF em outubro de 2003. Das 3.044 pessoas testadas, 207 foram diagnosticadas positivas. A equipe também deixou armadilhas para as moscas, nas cidades, como forma de controle. Até agora 33 mil moscas ficaram presas.

O objetivo deste novo projeto será testar 100 mil pessoas em duas zonas de saúde da região de Isangi. Se as previsões sobre os índices de infecção se confirmarem, representará 5 mil pessoas necessitando tratamento.

O projeto, executado em parceria com o Ministério da Saúde do Congo, também irá oferecer uma oportunidade importante de se melhorar o tratamento para os casos mais graves da doença (quando o parasita atinge o cérebro). O principal objetivo será o teste clínico de um tratamento que é mais efetivo e bem menos perigoso para o paciente. “Isto significará que o medicamento atual, um produto à base de arsênico, que tem um índice de mortalidade de 10% e foi desenvolvido há 50 anos, sairá do mercado”, explica Mieke.

Uma dificuldade do projeto é o fato dele estar sendo desenvolvido numa área remota que só pode ser acessada após uma viagem de cinco horas de barco através do rio Congo, desde Kinshasa. “Existem muitos desafios à frente nos próximos dois anos”, conclui Mieke, “mas o potencial deste projeto é enorme, não apenas para Isangi, mas para todas as pessoas que sofrem da doença do sono no mundo”.

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