MSF lança projeto “Geração Positiva: vozes por um futuro livre de HIV”

Progressos recentes na luta contra a Aids estão ameaçados pelo corte dos financiamentos do Fundo Global

“Geração Positiva: Vozes por um futuro livre de HIV” é um projeto baseado em canções de grupos de apoio a pacientes com HIV no Zimbábue e de artistas internacionais que contribuíram para o projeto voluntariamente, como Alejandro Sanz, Paula Fernandes, Estelle e Oliver TUKU Mtukudzi, entre muitos outros. O objetivo deste trabalho é chamar a atenção para a situação das pessoas que vivem com HIV/Aids na África Subsaariana, enfatizando os aspectos positivos da vida de quem está em tratamento. A iniciativa também mostra a importância de programas de prevenção da transmissão de mãe para filho e alerta para as consequências dos cortes de financiamentos do Fundo Global na vida de milhares de pacientes.

MSF está usando a música para falar sobre o vírus no Zimbábue e dizer aos pacientes e seus familiares que eles não estão sozinhos, que o tratamento pode estabilizar a doença e que os preconceitos tem que ser quebrados. Corais formados por pessoas que vivem ou são afetadas pela doença são um bom exemplo de uma abordagem aberta e positiva do HIV/Aids. Os depoimentos e canções ajudam na conscientização da população e na prevenção de novas infecções, além de encorajar as pessoas a buscarem o diagnóstico e tratamento contra o HIV.

“Com este projeto, queremos homenagear uma geração de pessoas que está vivendo ‘positivamente’, ainda que com HIV. Eles são as melhores testemunhas de luta contra o estigma, e passam mensagens muito otimistas. A partir de experiências observadas em nossas operações contra o HIV desde 2000 e dos novos progressos científicos sobre a doença, nós sabemos que a formação de uma geração livre de HIV é possível por meio da implementação de bons projetos. Precisamos continuar lutando para alcançar esta meta”, disse Mari Carmen Viñoles, coordenadora de projeto de MSF no Zimbábue. Conheça mais sobre a iniciativa no site (somente em inglês e espanhol).

Por meio do “Geração Positiva”, MSF quer divulgar os recentes progressos obtidos na luta contra o HIV/Aids e, ao mesmo tempo, mostrar as ameaças de interromper ou retroceder esse processo. Pesquisas recentes mostraram que o tratamento precoce, no estágio inicial da doença, pode ajudar muito a reduzir a transmissão do HIV, o que não apenas contribui para salvar vidas, mas também para prevenir novas infecções.

O Zimbábue, um país com a terceira maior taxa de prevalência de HIV no sul da África – onde 14% da população adulta (cerca de um milhão de pessoas) e 150 mil crianças vivem com HIV – tomou medidas muito ambiciosas para melhorar seus programas de HIV/Aids. Os resultados foram muito positivos: atualmente, cerca de 63% das pessoas que precisam de medicamentos antirretrovirais estão recebendo tratamento, quando em 2006 essas pessoas representavam apenas 5%. Além disso, a expansão do tratamento também reduziu as mortes anuais por HIV em 42% nos últimos cinco anos.

Estes progressos, que poderiam permitir um futuro livre de HIV, estão ameaçados pela redução dos recursos para combater a Aids e pelo fechamento de programas, o que pode ser observado no último encontro do comitê do Fundo Global, na semana passada, em Accra, Gana. “Estamos diante de uma situação muito grave. Estamos vivendo um dos mais promissores momentos no tratamento de pacientes com HIV/Aids, com potencial até mesmo de reverter a epidemia, mas esses desenvolvimentos não valerão nada se não tivermos o financiamento necessário para implementá-los. Na verdade, corremos o risco de retroagir no progresso que já foi feito até agora na luta contra o HIV/Aids”, disse Paula Farias, coordenadora do projeto “Geração Positiva”.

Se os doadores não fizerem os esforços necessários para cumprir suas promessas e atender as reais demandas da luta contra a doença, alguns países com alta prevalência do HIV sofrerão, inevitavelmente, interrupções em seus programas. Desse modo, as conquistas obtidas a partir de investimentos anteriores serão perdidas, assim como outras oportunidades de implementar novos programas que poderiam ter grande impacto.

Recursos adicionais também são fundamentais para garantir que o HIV pediátrico receba a devida atenção, para que sejam desenvolvidas estratégias orientadas e tratamentos adaptados, e para implementar programas de prevenção da transmissão de mãe para filho. Essas são estratégias fundamentais para a geração livre de Aids em países com alta prevalência da doença, como o Zimbábue.

O projeto “Geração Positiva: Vozes para um future livre de HIV” que inclui um CD/livro, um documentário e um website,será lançado internacionalmente hoje, 1° de dezembro. O projeto é uma produção de MSF em colaboração com a Casa Limón, organizado e produzido pelos artistas espanhóis Alejandro Sanz, Antonio Carmona e Javier Limón, com contribuições voluntárias de artistas, músicos e compositores de diversos países, como Oliver Tuku Mtukudzi e Chiwoniso Maraire (Zimbábue), Juan Luis Guerra (Santo Domingo), Carlos Vives (Colômbia), Paula Fernandes (Brasil), Estelle (Reino Unido), Ali Amr (Marrocos), David Broza (Israel), Karina Pasian (EUA), Tino di Geraldo (França), Estrella Morente (Espanha), Carminho & Diogo Clemente (Portugal), Andrés Calamaro (Argentina), Iván “Melón” Lewis (Cuba), Miguel Campillo elbicho (Espanha) e Ariadna Castellanos (Espanha).

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