MSF mantém intervenção de emergência no Quênia

Equipes continuam a oferecer cuidados de saúde em Nairóbi, no Vale Rift, no oeste e na província de Nyanza

Enquanto toda a atenção está voltada para as negociações políticas no Quênia, as equipes de MSF continuam fornecendo cuidados médicos em Nairóbi, no Vale Rift, no oeste e na província de Nyanza. Embora a situação esteja mais calma nas últimas semanas, muitas áreas continuam tensas.

Em Nairóbi, MSF adaptou os já existentes projetos de HIV/Aids para oferecer cuidados às vítimas da violência. No oeste do Quênia, MSF está respondendo às necessidades trabalhando nos acampamentos de deslocados e apoiando os centros de saúde e hospitais. Equipes móveis percorrem muitos lugares diferentes toda semana, fornecendo cuidados médicos para centenas de quenianos que estão isolados em áreas rurais com pouca ou nenhuma ajuda.

Nairóbi

Tratando vítimas da violência

A situação nas favelas do Quênia permanece tensa. As equipes médicas de MSF que trabalham nas duas maiores favelas de Nairóbi – Mathare e Kibera – continuam a atender vítimas da violência diariamente e oferecem cuidados para pessoas que foram feridas nos últimos dias e semanas.

Em janeiro, profissionais em Kibera realizaram mais de 11.500 consultas, das quais 86 eram traumas físicos intencionais, ligados à violência pós-eleitoral. Entre os dias 21 e 22 de fevereiro, a equipe de MSF em Mathare atendeu 25 pessoas. A maioria tinha apanhado ou sido ferida por facas.

Projetos de HIV/Aids e TB

Projetos de MSF voltados para cuidados primários de saúde, HIV/Aids e TB oferecidos em Kibera e Mathare estão funcionando normalmente. Entretanto, a violência e a insegurança das últimas semanas tiveram um impacto no número de pacientes que compareceram às consultas marcadas. Em Kibera, onde MSF possui quatro estruturas de saúde, aproximadamente 20% dos pacientes em tratamento de HIV/Aids perderam as consultas em janeiro. Em Mathare, foram cerca de 10%.

Houve também uma queda no número de novos pacientes registrados nos programas de tratamento de MSF. No Centro de Saúde Kibera Sul, onde MSF poderia atender normalmente cerca de cem novos pacientes por mês, apenas 60 novos pacientes foram cadastrados em janeiro.

Para recuperar os pacientes, MSF implementou uma linha telefônica gratuita e tem a divulgado através de anúncios, pôsteres e folhetos.

Província do Vale Rift

Respondendo às necessidades variadas

A situação no Vale Rift, onde milhares de pessoas estão deslocadas, é muito inconstante. Desde o início de janeiro, muitas pessoas estão vivendo em lugares grandes, como estádios e casas de espetáculos. Outros procuraram proteção nas delegacias de polícia, cadeias e igrejas ou estão morando em pequenos grupos em áreas remotas.

Em algumas áreas, as pessoas estão se deslocando constantemente. Lugares que antes estavam cheios de pessoas, podem esvaziar-se em poucos dias. Então as equipes de MSF estão usando clínicas móveispara visitar diferentes locais toda semana e responder às necessidades dessas populações em constantes mudanças.

Através das clínicas móveis de MSF, as equipes realizam consultas médicas e asseguram que água potável e estruturas sanitárias sejam viabilizadas. Por exemplo, no distrito de Molo, equipes móveis visitaram 13 localidades e realizaram 5.400 consultas entre os dias 11 e 24 de fevereiro. A maioria das consultas é para tratar infecções respiratórias e diarréia. Quando necessário, equipes de MSF também vacinam crianças abaixo dos cinco anos contra sarampo, pólio e tuberculose, oferecendo vitamina A suplementar e avaliam a condição nutricional delas.

Além das clínicas móveis, uma 'equipe aérea' formada por um médico, uma enfermeira e um profissional de logística está visitando diferentes locais como Kisumu, Kisji e Trasnmara para avaliar as necessidades.

O permanente conflito na região do Monte Elgon deixou muitas unidades do Ministério da Saúde sem capacidade de funcionamento e como resultado muitas pessoas dessa área não puderam ter acesso aos cuidados de saúde. Equipes móveis de MSF têm trabalhado na região desde abril de 2007 e estão monitorando a situação de saúde na vizinha Trans Nzoia, distrito que enfrenta um aumento da violência nas últimas semanas.

Apoio aos centros de saúdes e hospitais

Algumas vezes, a falta de profissionais combinada com o aumento de pacientes fez com que o Ministério da Saúde do Quênia precisasse de assistência extra. Por isso, MSF está dando suporte em alguns centros de saúde e hospitais do país.

No fim de janeiro, equipes cirúrgicas apoiaram hospitais em Naivasha e Nakuru, quando confrontos violentos deixaram muitos feridos. Entre os dias 8 e 21 de fevereiro, um cirurgião, um anestesista e um enfermeiro realizaram 22 operações no hospital de Kericho.

Como apenas 50% das equipes regulares dos hospitais voltaram ao trabalho, uma equipe médica de MSF continuará apoiando o hospital nas próximas semanas. Em Timborao, sul de Eldoret, MSF iniciou trabalho em um centro de saúde perto de um acampamento de deslocados onde cerca de 4 mil pessoas estão vivendo desde o dia 20 de fevereiro.

MSF continuará as consultas nos centros de saúde todas as manhãs, apoiando a unidade com remédios, supervisionando e treinando os profissionais existentes.

Fornecendo cuidados nos acampamentos de deslocados internos

MSF trabalha em Kitale desde o dia 7 de janeiro. Equipes ajudaram a montar dois acampamentos para deslocados internos em Cherangani e Endebess. Neste último, equipes de MSF construíram tendas para cerca de 6,5 mil pessoas. Como esse abrigo foi criado para ser temporário e a estação das chuvas está se aproximando, MSF está focando na transformação dessas tendas em estruturas permanentes.

Um posto de saúde foi aberto no acampamento no dia 9 de fevereiro e equipes de MSF são responsáveis pela promoção da saúde, higiene e saneamento de água – fornecendo chuveiros, latrinas e água potável; aconselhamento de saúde mental e realizando transferências para outros hospitais. MSF continuará a monitorar as atividades de saúde no acampamento de Cherangani e montará alguns abrigos em Kitale.

Em Nakuru, uma equipe médica continua a trabalhar no estádio, onde cerca de 2 mil pessoas estão pensando em morar, oferecendo cerca de 150 consultas todo dia.

Kalazar

Em Kacheliba, distrito de Pokot, MSF tem tratado pessoas infectadas com leishimaniose visceral, também conhecida como kalazar, desde o fim de 2006. Atividades na região não têm sido afetadas pela insegurança e violência como em outras partes do Quênia e as equipes continuam tratando pacientes infectados com esta doença potencialmente fatal.

Oeste e província de Nyanza

Projetos de HIV/Aids

Projetos de longo prazo de HIV/Aids em Busia e Homa Bay funcionam normalmente.

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