MSF mantém operações no território de Rutshuru

Apesar da violência imposta por grupo rebelde, organização decide ficar

Conflitos foram retomados no início de julho na região de Rutshuru, após um breve período de calmaria. Rebeldes do movimento 23 de março de 2009 (M23) avançaram rumo às cidades de Jomba Chengerero, Rwanguba e Bunanga até assumirem o controle de Rutshuru e Kiwanja no domingo, dia 8.

“Algumas rodovias estão bloqueadas ou tornaram-se inseguras e o acesso às instalações de saúde está difícil. A quantidade de pessoas que procuram o Hospital Geral de Referência  General Hospital of Reference de Rutshuru diminuiu significativamente”, disse Mickael Le Paih, coordenador geral de MSF em Kivu do Norte.

As equipes de MSF estão muito preocupadas com a possibilidade de os pacientes não terem acesso ao centro de tratamento de cólera de Rwanguba, onde um surto teve início no final de maio. Com o suporte de uma equipe de emergência de MSF, 753 pacientes foram tratados no início de julho. No entanto, “os conflitos nos últimos dias nos impediram de oferecer serviços com qualidade”, explica Mickael Le Paih.

MSF pede que os beligerantes assegurem seu acesso à população e que mantenham livre os caminhos para as instalações de saúde.

“Civis estão uma vez mais carregando o fardo da violência. Um de nossos profissionais levou um tiro na perna no domingo, durante o saque realizado em Kiwanja”, conta Mickael  Le Paih.

“Além do conflito em si, atos isolados de violência e saques são comuns na região, o que nos dá a sensação de que a sociedade está se desintegrando”, explica Jean Reijs, cirurgião de MSF no hospital de Rutshuru.

MSF mantém suas operações em Kivu do Norte e uma equipe cirúrgica está sempre presente no hospital de Rutshuru, no qual foram tratados 280 pacientes feridos nas últimas oito semanas.

A situação da segurança em Rutshuru nas últimas semanas, bem como em Ruanda e Uganda, também levou a deslocamentos significativos, que fizeram com que uma população já fragilizada fosse viver em condições extremamente improvisadas.

MSF é uma organização humanitária internacional que presta assistência médica a vítimas de conflitos da República Democrática do Congo desde 1996, de forma neutra e imparcial. MSF atua também de forma independente de qualquer agenda política, religiosa ou militar.

No Kivu do Norte, MSF tratou, em 2011, mais de 404 mil pacientes (deste total, 32 mil foram hospitalizados), ofereceu cuidados a mais de 8 mil pessoas desnutridas, tratou mais de 45 mil contra a malária e realizou mais de 15 mil partos, em todos os territórios da província. Além disso, as equipe trataram cerca de 300 pacientes com trauma devido à violência.

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