MSF participa de encontro anual sobre doença de Chagas e leishmaniose

Assessor técnico de Médicos Sem Fronteiras, Pedro Albajar Vinas, apresentará projeto desenvolvido na região amazônica

Considerado o mais importante encontro nacional sobre o tema, a XXIII Reunião de Pesquisa Aplicada em Doença de Chagas e Leishmanioses contará novamente com a participação de Médicos Sem Fronteiras (MSF). Realizado de 25 a 27 de outubro em Uberaba, Minas Gerais, o evento tem como objetivo discutir estudos e propostas que permitam o desenvolvimento de ações de controle de maior impacto para conter o mal. "É um evento que define quais deveriam ser as prioridades em pesquisa e por isso uma brecha muito boa para reivindicar melhorias no diagnóstico e tratamento", explica Pedro Albajar Vinas, assessor técnico de MSF, que representará a organização na reunião.

No dia da abertura, Vinas participará da oficina Prioridades de pesquisa em doença de Chagas, marcada para às 9h30m. "Será uma excelente oportunidade para falarmos de instrumentos para detectar a doença, uma vez que sem diagnóstico não existe tratamento", afirma o assessor técnico de MSF, lembrando que a questão já havia sido debatida na reunião internacional Novas Provas Diagnósticas para o Tratamento de Pacientes com a Doença de Chagas, realizada por MSF em agosto deste ano.

Na sexta-feira, ele estará presente na mesa do painel A atenção médica em Doença de Chagas: organização e perspectivas, marcado para às 10h45m. "Há muito para se falar com relação à doença. No Brasil, por exemplo, só é obrigatório declarar os casos agudos de Chagas, que em geral correspondem aos dois primeiros meses após o contágio. Mas muitas vezes as pessoas não sabem que estão com a doença durante esse período. Quando o caso é crônico, entende-se que os pacientes automaticamente serão tratados, o que também não acontece", explica o assessor técnico.

No mesmo dia, às 16h30m, Vinas participará de outro painel: Podemos considerar a doença de Chagas endêmica na Amazônia Brasileira?. "Antes se achava que não havia Chagas na Amazônia. Hoje, sabemos que isso não é verdade. O projeto, além da detecção do mal através das lâminas de malária, deveria agora permitir a abertura de muitas outras portas, como a realização da testagem para a detecção de casos de Chagas em amostras de sangue coletado para doação, em pacientes com cardiopatia, entre outros casos", defende.

A participação de Vinas no encontro tem como base sua experiência com a doença em projetos de Médicos Sem Fronteiras, incluindo a "Capacitação para o Diagnóstico e o Tratamento da Doença de Chagas na Região da Amazônia Brasileira". Iniciado em novembro de 2006, o projeto visa à detecção de casos do mal de Chagas na região amazônica a partir do exame das lâminas de malária, e é fruto de uma parceria entre MSF e a Fiocruz. O programa permitiu a visualização de um panorama mais claro sobre a doença na região. "Através do projeto, vimos que Chagas existe na região e tem uma transmissão regular, algumas vezes até em forma de surtos de transmissão oral”, conta.

Compartilhar