MSF registra aumento sem precedentes de casos de desnutrição em Bauchi, na Nigéria

No estado de Bauchi, assim como em outros estados do norte da Nigéria, as equipes de Médicos Sem Fronteiras (MSF) estão testemunhando um aumento sem precedentes nos casos de desnutrição e estão ampliando rapidamente a resposta médica. Além de aumentar a capacidade de leitos no centro de nutrição terapêutica para pacientes internados (ITFC, na sigla em inglês) em Ganjuwa, estamos lançando um programa para identificar e treinar pessoas na comunidade para diagnosticar e tratar a desnutrição em estágio inicial.

Estamos muito alarmados com o aumento catastrófico nas internações por desnutrição que temos visto em Bauchi.”

Rabi Adamou, coordenador do projeto de MSF em Bauchi

O estado de Bauchi, assim como a maior parte do norte da Nigéria, enfrenta uma crise de desnutrição. Em toda a Nigéria, as equipes de MSF observaram um aumento médio de 40% nas taxas de internação por desnutrição em comparação com o mesmo período do ano passado. Entre janeiro e junho de 2024, mais de 5.780 crianças foram internadas no nosso ITFC e mais de 17.220 nos nossos três centros locais de nutrição terapêutica ambulatorial (ATFCs, na sigla em inglês) em Bauchi. Os ATFCs apoiam crianças com desnutrição antes que elas precisem ser internadas em um hospital.

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O número de admissões no ITFC e nos ATFCs é 127% e 123% maior do que no mesmo período de 2023, respectivamente.

“Estamos muito alarmados com o aumento catastrófico nas internações por desnutrição que temos visto em Bauchi na primeira metade de 2024. Embora possam haver muitos fatores contribuindo para esse aumento nas admissões, os números que estamos vendo são muito altos. Estamos apenas começando a entrar na temporada de pico para a desnutrição, e nossas instalações já estão acima da capacidade e precisando expandir”, alerta Rabi Adamou, coordenador do projeto de MSF em Bauchi.

Como MSF trabalha em Bauchi

MSF apoia o sistema de saúde local em Bauchi desde 2012, trabalhando para conter surtos de doenças como cólera, difteria e febre de Lassa, fornecendo cuidados de saúde, treinando equipes médicas e realizando atividades de promoção da saúde nas comunidades.

Desde 2022, MSF tem respondido ao grande número de crianças que sofrem de desnutrição. Nossas equipes administram atualmente um ITFC com 250 leitos e um setor pediátrico de internação no Hospital Geral de Kafin Madaki. Também trabalhamos em três ATFCs nos centros de saúde primária de Kafin Madaki, Kafin Liman e Miya.

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Além disso, planejamos novas atividades nas comunidades. A gestão comunitária dos casos, que tem como objetivo expandir a abordagem existente para incluir o tratamento da desnutrição, foi lançada como um programa piloto em oito vilarejos em Miya, no meio de julho. Para lidar com o número crescente de internações por desnutrição na região, MSF adicionou o tratamento da desnutrição às atividades convencionais da gestão comunitária, que incluem diagnóstico e tratamento de malária e diarreia.

“Dadas as causas multifacetadas da desnutrição, é imperativo que a resposta seja igualmente abrangente e que inclua vários setores. Isso abrange não apenas tratamento, mas também medidas preventivas. Reconhecendo a natureza geograficamente ampla das necessidades das pessoas, a resposta deve refletir essa extensão, garantindo uma abordagem ampla e multidisciplinar para ajudar a oferecer esse cuidado às crianças”, afirma Nathalie Avril, consultora de nutrição de MSF.

Uma atividade nomeada de “MUAC dos pais” também será implementada em Bauchi. Ela consiste em treinar pais e cuidadores para medir a circunferência do braço das crianças em casa utilizando a fita MUAC, e assim monitorar e detectar a desnutrição em estágio inicial, antes que evolua para casos graves.

“Apesar dos esforços coletivos, muitos desafios permanecem, como o acesso limitado aos cuidados de saúde, a falta de profissionais qualificados nas instalações médicas e o fornecimento de medicamentos e alimentos terapêuticos prontos para uso, todos essenciais para tratar crianças com desnutrição. É crucial que os representantes do estado de Bauchi, assim como as partes interessadas na Nigéria e fora dela, trabalhem juntos e expandam a resposta para ajudar a prestar estes cuidados essenciais às crianças e às famílias e evitar um aumento adicional nos números de desnutrição nos próximos anos”, diz Rabi Adamou, coordenador do projeto de MSF.