MSF retoma todas as atividades no hospital de Tabarre, suspensas após invasão armada

Serviços de saúde na instalação haviam sido suspensos após incidente de segurança, quando mais de 20 homens armados invadiram o hospital.

©Tereza Wyn Haniakova

Médicos Sem Fronteiras (MSF) retomou totalmente os serviços médicos em seu hospital de Tabarre, em Porto Príncipe, nesta segunda-feira, dia 28 de agosto. As atividades no hospital estavam suspensas desde uma invasão armada que ocorreu em julho, forçando a organização a suspender as ações no centro de trauma.

“Temos o prazer de retomar todas as atividades e estar a serviço do público novamente”, disse Mumuza Muhindo, coordenador-geral de MSF no Haiti.

“A decisão de suspender as atividades foi difícil, dado o papel vital deste hospital no atendimento das necessidades médicas em Porto Príncipe. Mas a decisão de reabrir também foi difícil: não há lugar para violência ou armas dentro de uma instalação médica. O que aconteceu em julho é absolutamente inaceitável. Não poderemos trabalhar sem que os pacientes e profissionais de saúde sejam respeitados”, completa Mumuza Muhin.

O hospital de Tabarre oferece cuidados médicos para pessoas com lesões traumáticas ou queimaduras graves. O local possui um total de 75 leitos e uma sala de emergência, onde 2 mil pessoas foram admitidas em 2022.

Paciente com ferimento à bala recebe tratamento no hospital de Tabarre. © Johnson Sabin, 2022

Na noite de 6 de julho de 2023, mais de 20 indivíduos armados entraram no hospital. Eles ameaçaram membros da equipe de MSF com armas de fogo e os forçaram a deitar no chão enquanto sequestravam um paciente na instalação. Essa incursão armada levou ao fechamento do hospital, em 7 de julho.

Os departamentos para tratar casos de queimaduras e para atendimento ambulatorial do hospital reabriram alguns dias depois, mas a instalação ainda não havia retomado as admissões de pacientes com traumas até hoje.

Esse é o exemplo mais recente de uma série de incidentes violentos que forçaram MSF a fechar ou suspender temporariamente suas atividades em várias instalações em Porto Príncipe. Em janeiro, MSF foi forçada a encerrar seu apoio ao Hospital Raoul Pierre Louis. Depois, precisamos suspender repentinamente as atividades no hospital de MSF em Cité Soleil devido a tiroteios frequentes nas proximidades. A instalação agora está operando com capacidade reduzida.

“MSF está comprometida com o Haiti e sua população”, disse Muhindo. “É por isso que continuamos a ter diálogos com todas as partes interessadas e grupos armados, incluindo as forças policiais, para garantir que as condições nos permitam continuar nossos serviços e trabalhar com segurança em Tabarre. Nossa mensagem para todos que carregam uma arma no Haiti é clara — que o respeito às instalações de saúde, pacientes e profissionais não é negociável. A sobrevivência do hospital de Tabarre dependerá do respeito disso por parte de todos”.

Médicos Sem Fronteiras (MSF) trabalha no Haiti desde 1990, com grandes respostas a desastres, como o terremoto de 2010 e os surtos subsequentes de cólera. Atualmente, MSF oferece cuidados a pacientes com lesões traumáticas, queimaduras ou condições médicas de emergência, cuidados a sobreviventes de violência sexual e de gênero, serviços de saúde primária e cuidados de saúde materna.

 

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