“Não deixe que te parem!”

Inspirados por sua diversidade e sua força individual, neste Dia Internacional da Mulher, perguntamos para algumas de nossas líderes femininas pelo mundo: o que vocês diriam para outras mulheres?

Foto: MSF

Muitas mulheres que atuam nos projetos de Médicos Sem Fronteiras (MSF) tiveram que superar barreiras para se tornarem líderes, incluindo estereótipos de gênero. No entanto, elas se destacam como defensoras e agentes de mudança em MSF e em suas comunidades, transformando percepções sobre as mulheres e garantindo que suas vozes contribuam para tornar nossos programas inclusivos e acessíveis a todos.

Mais de 90% dos profissionais de MSF são recrutados localmente. Motoristas, supervisoras de enfermagem, coordenadoras financeiras… as líderes são fundamentais para manter o compromisso de MSF com o atendimento de alta qualidade e centrado no paciente. Com a liderança feminina, podemos garantir uma perspectiva mais diversificada e equilibrada sobre todos os aspectos, desde a concepção do programa, passando pela implementação no terreno até a definição do futuro da organização.

Inspirados por sua diversidade e sua força individual, neste Dia Internacional da Mulher, perguntamos para algumas de nossas líderes femininas pelo mundo: o que vocês diriam para outras mulheres?

Confira as suas respostas:

> Shorouq Madmouj, assistente social, Palestina

Foto: Laurie Bonnaud/MSF

Como uma mulher com deficiência visual mais de 20 anos, eu sinto que estão olhando para mim como uma mulher e sinto que me subestimam: ‘Ela não pode fazer issoQuem é ela?’ A mensagem que eu quero dizer às mulheres: ‘Não deixe que eles parem você. Meu nome é Shorouq Madmouj, estou trabalhando com MSF na Palestina como assistente social. Trabalhar com seres humanos, essa é uma das minhas paixões na vida, e ser assistente social, ajudar o ser humano de certa forma. Passo a passo, comecei a gostar dessa posição. Além disso, minha família, meus amigos, meus colegas realmente me deram o apoio para continuar. Agora, quando recebo um telefonema de um pai pedindo ajuda para seus filhos, sinto orgulho. Essas pessoas confiam em você. Elas dizem aos outros que MSF pode ajudar”, diz Shorouq Madmouj, assistente social de MSF em Nablus, na Palestina. 

 

 

> Barbara Kerre, supervisora de saúde mental relacionada à violência sexual e baseada em gênero, Quênia

Foto: Johnstone Vusena/MSF

“Liderança significa que você está em posição de influenciar positivamente uma equipe para atingir seus objetivos desejados. Eu encorajo as mulheres em posições de liderança a segurar as mãos das mulheres jovens e ajudá-las a subir a escada. O que as mulheres de hoje podem fazer para ajudar as mulheres de amanhã? Vamos usar nossa voz para falar! Falar sobre questões que afetam as mulheres, por exemplo, questões de violência sexual e de gênero, saúde reprodutiva, para que as mulheres de amanhã não tenham que enfrentar as mesmas lutas e os mesmos desafios que nossas avós e mães enfrentaram”, diz Barbara Kerre , supervisora de saúde mental relacionada à violência sexual e baseada em gênero em Nairóbi, no Quênia.

 

 

> Fatmata Jebbeh Sumaila, coordenadora de atividades de obstetrícia, Sudão do Sul

Foto: Melissa Perry/MSF

Inspirei minha equipe contando a história de como me tornei obstetriz e, ao fazer isso, eles ficaram motivados e agora alguns estão até estudando obstetrícia e enfermagem. O Dia Internacional da Mulher é um dia especial para reconhecer e homenagear as mulheres de todo o mundo pelas contribuições que fazem todos os dias para a sociedade. É um dia para chamar à ação a aceleração da paridade de gênero, celebrando as conquistas das mulheres e aumentando a conscientização sobre a equidade das mulheres”, diz Fatmata Jebbeh Sumaila, coordenadora de atividades de obstetrícia em Jonglei, Sudão do Sul. Após trabalhar por 17 anos com MSF em seu país natal, a Serra Leoa, ela embarcou em uma carreira internacional nos últimos anos.

 

 

> Fikile Ngwenya, motorista, Eswatini

Foto: Makhosazana Xaba

Sou mulher, sou motorista. Eu não tenho um problema com isso. Somos diferentes, não podemos ser todos médicos no mundo, somos diferentes tipos de pessoas. Todo mundo tem o seu próprio dom único. Para as mulheres lá fora, não tenham medo de ser mulher e de ter um trabalho. Não tenham medo de nada e façam isso com o coração feliz, mesmo que seja considerado ‘um trabalho para homens’. Vá lá e faça, com confiança”, diz Fikile Ngwenya, motorista em Shiselweni, Eswatini.

 

 

> Gloria Mwambazi, coordenadora de capacidade técnica de engajamento comunitário, Malawi

Foto: MSF

“Para outras mulheres, eu diria: ocupe o seu espaço. Porque o mundo foi criado com muitos limites e vão te dizer o que você pode e o que você não pode fazer, então é sobre aprender isso como mulher: ser mulher, não precisa ser uma limitação. E só para lembrar que você não está sozinha porque, nos locais de trabalho, nesta sociedade, há mulheres talvez fazendo coisas semelhantes a você. Aprendam umas com as outras. Tenha essa rede, não tenha medo, diz Gloria Mwambazi, coordenadora de capacidade técnica de engajamento comunitário no sul do Malawi.

 

 

> Khadija Al-Haj, assistente de recursos humanos, Iêmen

Foto: MSF

O que realmente me ajudou foi o apoio da minha família, porque eles me deram sua confiança. Agora conheço muitas que estão começando a encorajar suas filhas, irmãs e esposas a estudar e ter a oportunidade de trabalhar, como eu e outras mulheres. Me vejo como um dos muitos exemplos hoje em dia de que realmente mudamos a perspectiva da comunidade sobre as mulheres e seu papel na comunidade”, diz Khadija Al-Haj, assistente de recursos humanos em Abs, Iêmen.

 

 

> Marie-Jocelyne Nshimirimana, coordenadora financeira, República Democrática do Congo

Foto: Franck Ngonga/MSF

“Toda mulher deve saber que nós, mulheres, somos capazes. Somos capazes de trazer positividade à comunidade, de fazer as coisas acontecerem de uma maneira positiva. Nós temos os recursos, nós temos as habilidades. Portanto, mulheres, não duvidem de vocês mesmas! A sociedade e a comunidade precisam de nós para fazer as coisas acontecerem, diz Marie-Jocelyne Nshimirimana, coordenadora financeira de uma das maiores operações de MSF no mundo, na República Democrática do Congo.

 

 

> Nur Bar Binti Islam, agente comunitária de saúde mental, Malásia

Foto: Balvin Kaur/MSF

“Na luta para se tornar uma líder, você tem que ser forte mentalmente e fisicamente para enfrentar todos os desafios e perigos, e esta força te levará adiante. Meu lembrete às mulheres: temos que ser fortes e independentes. Precisamos estar capacitadas, somente assim poderemos ajudar a nós mesmas. Dupliquem seus esforços em prol futuro“, diz Nur Bar Binti Islam, trabalhadora da comunidade de saúde mental na clínica Butterworth da MSF que presta assistência médica e apoio aos refugiados e solicitantes de asilo em Penang.

 

 

> Prunau Mimose Lector, supervisora de enfermagem, Haiti

Foto: Alexandre Michel/MSF

“É difícil para as pessoas me desafiarem porque, com a minha personalidade, elas entendem que eu não sou uma mulher tão fraca quanto elas poderiam pensar. Acredito que tudo o que alguém consegue, eu também posso fazer. Estou sempre pronta para superar qualquer situação. Meu conselho às mulheres seria que elas se afastem dos clichês que retratam as mulheres como fracas em comparação com os homens, que tenham autoconfiança, que acreditem em suas habilidades e que continuem sempre em frente. Nós somos mulheres, claro, mas isto não deve nos restringir. É preciso avançar e seguir seus sonhos”, diz Prunau Mimose, supervisora de enfermagem de MSF no Projeto de Emergência de Queimaduras de MSF em Cap-Haitien, no norte do Haiti. Recentemente liderou uma equipe de atendimento pós-operatório na região sul mais atingida após o terremoto de agosto de 2021.

 

 

> Rebecca Lahai, mentora clínica, Serra Leoa

 

Foto: Mohammed Sanabani/MSF

“Sou interessada em pessoas. Gosto de interagir com elas, com pacientes e também com os meus mentorados. Quando eu era uma mentorada, estava sempre ansiosa para aprender. Como todos os seres humanos, não sou 100% perfeita, então, às vezes, tento perguntar ao meu mentorado como posso melhorar. Porque eu quero um bom relacionamento com eles. Minha mensagem para outras mulheres como eu é ser determinada e motivada. Quando você definir seus objetivos na vida, não fuja deles”, diz Rebecca Lahai, mentora clínica da Academia de Saúde de MSF no hospital Hangha de MSF em Kenema, Serra Leoa.

 

 

> Rebecca Smith, coordenadora de atividades médicas, Bangladesh

 

Foto: Farah Tanjee/MSF

Para ser mulher e ser líder é preciso ser forte. Eu acredito que no futuro tudo vai melhorar, mas este é um processo gradual. Ainda devemos perseverar, não podemos desanimar, precisamos fazer o que somos solicitadas a fazer. Estamos aqui para aqui para contribuir, então vamos fazer isso juntas”, diz Rebecca Smith, coordenadora de atividades médicas do “hospital da colina” de MSF em Cox’s Bazar, Bangladesh, que fornece assistência médica aos refugiados Rohingya. Ela começou a trabalhar com MSF quando ela mesma era refugiada, fugindo do conflito na Libéria e procurando refúgio na Costa do Marfim.

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