Onda de violência na República Centro-Africana

MSF se prepara para o aumento das necessidades médicas

A violência está se espalhando pela região central e norte da República Centro-Africana (RCA). O aumento dos movimentos militares e da hostilidade entre os rebeldes e as forças armadas está forçando a população civil a se deslocar e impedindo o acesso aos serviços básicos necessários. Sem ajuda médica, essas pessoas, já abaladas por uma década de violência armada, e pela falta de um sistema de saúde, estão mais vulneráveis a complicações de saúde que podem levar à morte.

Houve confronto com uso de machados entre as cidades de Kaga Bandoro e Mbrès no dia 23 de dezembro. Uma equipe cirúrgica de MSF foi enviada a Kaga Bandoro e logo nos primeiros dias tratou cinco feridos. Os profissionais de MSF estão prontos para receber mais pacientes.

Outra equipe foi enviada à cidade de Sibut, no centro sul da RCA, para avaliar as potenciais necessidades médicas. A forte presença militar e o medo também estão levando a população dessa área a se deslocar.  A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras doou medicamentos para o hospital de Sibut, para ajudar a responder a um possível aumento no número de pacientes.

Na cidade de Batangafo, tomada pela rebelião desde o dia 20 de dezembro, a população está aterrorizada com a possibilidade de um combate. A insegurança aumentou na região, reduzindo acesso à ajuda médica pela população. “A insegurança na região torna impossível encaminhar os casos de doenças graves e emergências de um posto de saúde periférico para um hospital por conta da restrição total dos movimentos”, diz Amal El Oualji, coordenador de projetos de MSF em Batangafo.

MSF continuará oferecendo serviços no hospital e dando apoio aos postos de saúde até quando a situação de segurança permitir. No dia 23 de dezembro, quatro pacientes com ferimentos de bala foram tratados no hospital.

Na cidade de Ndélé (região Norte), atacada no dia 10 de dezembro, a situação da população permanece extramente precária. Apesar de algumas pessoas ousarem voltar lentamente para a cidade, os níveis de insegurança continuam altos, dissuadindo muitos outros a fazerem o mesmo. Pilhagens contínuas e tiros esporádicos durante a noite impedem que as pessoas retornem à vida normal. MSF está ciente de que pelo menos 2.600 pessoas que estão deslocadas passam a noite em grupos, se escondendo entre os arbustos ou procurando refúgio em uma pista de avião, não muito longe da cidade. Infelizmente, essa é apenas uma parte da população deslocada, a maioria passa as noites perto de suas plantações em grupos menores de 2 a 5 famílias, espelhados por muitos quilômetros, sem estrada de acesso. Muitos deles sofrem de doenças como malária, infecção respiratória aguda e diarréia. A equipe de MSF em Ndélé continua com uma clínica móvel e com as atividades regulares no hospital.

MSF está coordenando três projetos regulares em Ndélé, Kabo e Batangafo e um centro cirúrgico em Kaga Bandoro, todos afetados pelos conflitos. A organização também está preparando uma equipe de emergência para responder às necessidades crescentes da população civil.

MSF está presente na RCA desde 1997 e trabalha em sete diferentes projetos em cinco dos sete distritos de saúde. A organização apoia sete hospitais e 38 postos de saúde, em colaboração com o Ministério da Saúde. As atividades de MSF no país abrange uma vasta gama de serviços de saúde primários e secundários, para doenças negligenciadas, nutrição e cirurgia. A malária muitas vezes é o foco principal dos projetos, sendo a maior causa de mortalidade. Vacinação, doença do sono, HIV e tuberculose também estão entre as principais características do trabalho de MSF na RCA.

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