Outubro Rosa: aumentando a conscientização sobre o rastreamento do câncer de mama no Mali

A luta contra o câncer se tornou um grande problema de saúde no Mali. Durante o Outubro Rosa, Médicos Sem Fronteiras está contribuindo com uma campanha de informação e ação com o objetivo de encorajar o maior número possível de mulheres a realizar os exames nas unidades de saúde da capital.

No final de 2018, as equipes de MSF começaram a fornecer cuidados paliativos e suporte aos pacientes do departamento de oncologia e hematologia do hospital Point G. Os profissionais agora também auxiliam no rastreamento, diagnóstico e tratamento de pacientes com câncer de mama e colo do útero em Bamako.

No Mali, onde o número de casos de câncer de mama está bastante subestimado (2.450 em 2020[1]), a luta contra a doença se concentra principalmente em garantir o acesso à detecção precoce. “O câncer mais comum entre as mulheres no Mali, o câncer de mama, pode ser tratado com bons resultados desde que seja diagnosticado precocemente. Ter as informações certas e fazer o rastreamento significa que as mulheres podem ser diagnosticadas e tratadas a tempo”, explica Foura Sassou Madi, coordenador-geral de MSF em Bamako.
 

Rastreamento disponível em 21 unidades de saúde

Ao longo de outubro de 2021, o rastreamento gratuito do câncer de mama e do colo do útero está disponível para todas as mulheres em Bamako em 21 unidades de saúde, que incluem todos os centros de saúde de referência da cidade. O programa que MSF administra em parceria com as autoridades de saúde garante que quando uma anormalidade for detectada, os pacientes sejam encaminhados a um centro médico especializado. O projeto também arca com os exames e testes necessários para confirmar o diagnóstico e, quando necessário, inicia o tratamento do paciente.

A contribuição de MSF para a campanha do Outubro Rosa também inclui o fornecimento de suprimentos médicos e suporte técnico, a organização de treinamento para profissionais de saúde e a participação em uma série de iniciativas de conscientização.

Taxa de sobrevivência ao câncer de mama é baixa na África Subsaariana

Enquanto o continente continua a lutar contra os efeitos prejudiciais de doenças infecciosas como a malária, tuberculose e HIV/AIDS, as doenças não transmissíveis, o câncer uma das mais comuns, podem se tornar uma das principais causas de morte em toda a África nas próximas décadas. A taxa de sobrevivência ao câncer de mama em cinco anos ainda é extremamente baixa na África Subsaariana, enquanto na França[2] ultrapassa atualmente 87%.

“Mali treinou profissionais de saúde e instalações relativamente bem equipadas e suprimentos de medicamentos quimioterápicos estão disponíveis para o tratamento da população. Mesmo assim, ainda há vários problemas. Em primeiro lugar, é a falta de rastreio sistemático, o que resulta no diagnóstico tardio dos tumores. A maioria das mulheres chega em estágios avançados da doença”, diz Charlotte Ngo, consultora de oncologia de MSF.

Casos de remissão ainda são poucos

Apesar dos esforços do governo do Mali no tratamento do câncer, os casos de remissão (quando não há manifestações da doença ou evolução do câncer) ainda são muito poucos. E o caminho do atendimento não é apenas extremamente desafiador para os pacientes, mas também inacessível para muitas famílias. MSF e o programa de oncologia das autoridades de saúde estão empenhados em facilitar o acesso à detecção precoce e ao tratamento, fortalecendo o programa de triagem Weekend 70 do Professor Ibrahim Téguété, apoiando o único laboratório de patologia anatômica do país e auxiliando com cirurgia e radioterapia. Nos primeiros seis meses de 2021, 166 mulheres com diagnóstico de câncer de mama e 126 de colo do útero receberam apoio com exames médicos, testes e tratamento.